O turismo espiritual e religioso inspira o Passeio Verde desta semana, que convida peregrinos e caminhantes a explorar território e paisagem do município de Ourém, com extensão a outros pontos de paragem na região do Médio Tejo. Por aqui trilham-se o Caminho Português de Santiago Interior e os Caminhos de Fátima, em que se destaca a Rota Carmelita.
Caminhos de espiritualidade
Ourém integra o Caminho Português de Santiago Interior, um dos principais itinerários jacobeus na região Centro de Portugal. Este percurso cruza-se na região com os Caminhos de Fátima e a Rota Carmelita, que liga o Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, ao Santuário de Fátima.
O Caminho Português de Santiago Interior foi o primeiro a ser certificado na região Centro de Portugal, em 2021. Este itinerário, com 214 km em território português, vai de Viseu a Chaves, e está integrado no projeto Caminhos da Fé. Segue uma rota viária antiga, com influências romanas e da Idade Média, e pode ser desafiador para peregrinos menos experientes, mas oferece paisagens e experiências únicas.
Já a Rota Carmelita é um caminho de peregrinação mais curto, com 111 km, que conecta Coimbra ao Santuário de Fátima, inspira-se na vida e na obra da Irmã Lúcia, uma das três crianças videntes de Fátima. A rota atravessa os concelhos de Coimbra, Condeixa-a-Nova, Penela, Ansião, Alvaiázere e Ourém, com seis etapas onde o mais importante é a caminhada e não a chegada.
No concelho de Ourém, a Rota Carmelita tem início na vila de Freixianda e conta com 38 km de trajeto até Fátima. Peregrinos e caminhantes asseguram que é um convite à evolução espiritual e ao contato com a natureza e a cultura.
Caminhos de Fátima
Integrado no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, o “Caminho do Tejo” é um dos Caminhos de Fátima para percorrer na região com passagem por Ourém. A sexta e última etapa do percurso entre Monsanto e o Santuário de Fátima, tem cerca de 25 km e pode ser percorrido em aproximadamente oito horas.
Os Caminhos de Fátima garantem condições seguras e agradáveis para os peregrinos que a pé se dirigem ao Santuário de Fátima, evitando as estradas principais e privilegiando caminhos de terra e pequenas estradas rurais com pouca circulação.
Em alternativa, outro Caminho de Fátima a considerar é o “Caminho dos Candeeiros”, com cerca de 63 km que integram o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
Começa no município de Rio Maior, onde o maior desafio é a subida da Serra dos Candeeiros e continua até ao Santuário de Fátima. Percorrem-se antigos caminhos rurais do Maciço Calcário Estremenho. O cenário convida à descoberta, mas acima de tudo permite interioridade.
Ecovia de Fátima
Para caminhadas ou peregrinações mais curtas, sugere-se a Ecovia de Fátima, que faz ligação entre a Igreja Paroquial de Fátima e o Santuário de Nossa Senhora da Ortiga e que pode ser percorrido a pé ou de bicicleta; ou o Caminho dos Pastorinhos, é um dos mais populares percursos de Fátima. Um dos seus pontos mais emblemáticos é o Local do Anjo, lugar em que terão ocorrido as aparições do Anjo aos videntes. Pelo caminho visita-se o Calvário Húngaro.
Explorar as Serras de Aire e Candeeiros
O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros abrange os concelhos de Alcobaça, Porto de Mós, Alcanena, Santarém, Torres Novas e Ourém. Com mais de 38 mil hectares e a 30 km do litoral, o parque natural abrange grande parte do Maciço Calcário Estremenho, a região cársica mais importante do país, com blocos de calcários jurássicos com cerca de 160 milhões de anos e onde se situam as maiores grutas e algares do país.
Descobrir o legado jurássico
Ruma-se depois ao extremo oriental da Serra de Aire, para conhecer Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém / Torres Novas (Tel. 249409250), aberto ao público desde 1996, que guarda um importante registo fóssil do período Jurássico, que inclui as pegadas com 175 milhões de anos de alguns dos maiores seres que povoaram o planeta Terra: os dinossáurios saurópodes. Tratava-se de uma pedreira e após descoberta das pegadas transformou-se em monumento natural. Aqui existem 20 trilhos, os maiores, mais antigos e bem conservados de saurópodes de que há conhecimento, compostos por mais de 1000 pegadas. Os visitantes podem ter acesso ao circuito pedagógico e ao Jardim Jurássico, com plantas atuais de grupos botânicos característicos no Mesozóico, consideradas fósseis vivos.
Por aqui passa a Grande Rota do Carso, com 125 km, que abrange os Municípios de Alcanena, Ourém e Torres Novas. Faz-se uma viagem no tempo, desde a formação do Maciço Calcário Estremenho, passando pelo Centro Ciência Viva do Alviela, em Alcanena, às Grutas do Almonda em Vale da Serra, em Torres Novas, onde há cerca de 480.000 anos, surgiram os primeiros homens modernos da Península Ibérica.
Ir a banhos em águas termais
Outra paragem obrigatória, no concelho de Ourém, é a praia fluvial do Agroal. Os meses quentes convidam a refrescar nas águas do rio Nabão, a passear de canoa ou a descobrir as pequenas praias de areia junto à margem. As águas são conhecidas pelas suas valências medicinais. No local encontra-se um passadiço com 800 metros de extensão, para contemplar sem pressas a paisagem e saber mais sobre a fauna e flora com a ajuda de painéis informativos.
Baloiço panorâmico
Sobe-se à serra de Alburitel para conhecer o Baloiço do Talegre, colocado num miradouro com vista sobre a paisagem natural, foi construído com recursos naturais da própria serra. Localiza-se junto a um marco geodésico, numa região que oferece inúmeros trilhos pedestres, assim como locais ideais para piqueniques em família.
Estender o roteiro a Porto de Mós
É também nestas serranias que se escondem diversos tesouros subterrâneos, com destaque para as grutas de Alvados, Santo António e claro, Mira de Aire, pertencentes ao concelho de Porto de Mós. As Grutas de Mira de Aire (Tel. 244440322) são as maiores grutas turísticas de Portugal, com abertura ao público de 600 metros dos 11 km que as compõem. Descobertas em 1949 e abertas para visitas em 1974, as grutas são ainda hoje alvo de investigações espeológicas. As visitas são sempre guiadas e através de uma aplicação está disponível em várias línguas, incluindo gestual e infantil, promovendo o turismo inclusivo.
Voar nas serras de Aire e Candeeiros
O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros dispõe de quatro pistas de voo livre, situadas no concelho de Porto de Mós. As pistas de Vale Grande e Mato Velho na zona de Serro Ventoso; a pista de Alvados e a pista de Arrimal permitem descolar com vistas sobre a serra, mas com o oceano Atlântico no horizonte. Com pilotos experientes, a Asas do Oeste – Clube de Voo Livre (Tel. 966169779) organiza passeios de parapente a partir destes locais de voo, com passagem pela Fórnea ou pelo Polje de Mira – Minde.
Passeio Verde conta com o apoio da Kia Portugal - Carro Oficial Boa Cama Boa Mesa que semanalmente, ao longo do ano de 2025, vai dar a conhecer espaços naturais, experiências e atividades na natureza. "Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Boa Cama Boa Mesa/Expresso (ver código de conduta), sem interferência externa.”