
A greve parcial que os trabalhadores da PSA Sines e LaborSines iniciaram hoje regista “uma elevada adesão” e está a condicionar a operação de gruas no Terminal XXI do Porto de Sines, distrito de Setúbal, avançou fonte sindical.
A greve, cujo primeiro período teve início hoje e prolonga-se até ao próximo domingo, às duas últimas horas de cada turno, foi convocada pelo Sindicato das Indústrias, Energia, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP) para reivindicar a melhoria das condições, como a evolução das carreiras e o horário de trabalho.
Contactado pela agência Lusa para fazer o balanço do primeiro dia de greve, o dirigente do SIEAP, Bruno Saramago, afiançou que “as gruas estão a trabalhar com funcionamento fortemente condicionado” no Terminal XXI do Porto de Sines.
“No primeiro turno, entre as 00:00 e as 08:00, apenas funcionaram três das 12 gruas e, das 08:00 às 16:00, apenas quatro gruas estiveram a trabalhar, mas de forma muito condicionada”, especificou.
De acordo com o sindicato, em comunicado, a greve deve-se à “intransigência e silêncio persistente da administração” da PSA, concessionária do Terminal XXI do Porto de Sines, e da LaborSines, empresa de trabalho portuário temporário, que “continua a ignorar as justas reivindicações dos trabalhadores”.
Numa declaração enviada hoje à agência Lusa, a PSA Sines rejeitou “categoricamente as alegações de falta de vontade para negociar e de ausência de comunicação”.
“Como organização responsável e eticamente correta, a PSA Sines sempre priorizou a transparência nas suas relações laborais e mantém total disponibilidade para participar em diálogos construtivos, conduzidos de forma respeitosa e ordeira, que garantam a continuidade das operações sem perturbações”, sustentou.
À Lusa, o dirigente sindical garantiu hoje que “os trabalhadores continuam a responder fortemente à chamada, porque nada mudou em relação à anterior greve”, que se realizou entre 26 de maio e 06 de junho, sendo que “a empresa continua irredutível”.
“A empresa disse-nos que se retirássemos a greve ao trabalho extraordinário, entrávamos imediatamente em negociações. Assim o fizemos e a empresa não entrou em negociações. Podemos mesmo dizer que os trabalhadores foram enganados e isto só potenciou a revolta e o seu descontentamento e, por isso, esta greve continua com uma elevada adesão”, acrescentou.
Por seu lado, a PSA Sines esclareceu que “os salários base são ajustados anualmente em janeiro, em conformidade com o Índice de Preços no Consumidor (IPC) publicado pelo INE [Instituto Nacional de Estatística], com aumentos adicionais aplicados em abril, de acordo com as tabelas de progressão previamente acordados com os parceiros sociais”.
“O ciclo de 2025 seguiu este processo sem exceções”, precisou a empresa, acrescentando que, em termos de horário de trabalho, “opera em plena conformidade com a legislação laboral portuguesa e demais legislação aplicável”.
“A 10 de julho de 2025, o Tribunal da Relação de Évora confirmou a decisão do tribunal de primeira instância, reforçando a legalidade do horário de turnos em vigor”, reforçou.
Já em relação ao prémio pontual a todos os colaboradores, a empresa, que opera o maior terminal de contentores do país, justificou a decisão depois de ter registado, em julho, “um mês recorde, com a movimentação de 116.047 contentores”.
“Este resultado reflete a dedicação e o esforço contínuo da nossa equipa, que se empenha em oferecer serviços de excelência aos nossos clientes. Como reconhecimento por esta conquista, todos os colaboradores receberam um prémio pontual, reforçando o apreço da empresa pelos seus colaboradores e o seu compromisso com a valorização interna”, concluiu.
O primeiro período de greve parcial, às duas últimas horas de cada turno, decorre até ao próximo domingo, estando o segundo período da paralisação agendado entre 25 e 31 deste mês.