
A primeira Comunidade de Energia Renovável aplicada ao setor do regadio entrou recentemente em funcionamento no Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo, no concelho de Aljustrel. A iniciativa é promovida pela Associação de Beneficiários do Roxo (ABROXO).
António Parreira, presidente da ABROXO, afirma que esta comunidade energética permitirá reduzir os custos da água para os agricultores: «Se produzirmos energia mais barata, podemos interferir no preço da água ao agricultor e haverá mais utilizadores interessados em entrar na nossa Comunidade de Energia Renovável, porque vão ter preços mais vantajosos».
Atualmente, a ABROXO já produz cerca de um terço da energia que consome através de fontes renováveis e prepara-se para avançar com a construção de uma mini-hídrica junto à Barragem do Roxo. Esta infraestrutura deverá produzir 3 megawatts de energia para autoconsumo da nova comunidade.
Durante o episódio, os participantes abordaram também a Estratégia «Água que Une», recentemente apresentada. João Dotti, CEO da Magos Irrigation Systems, defende uma visão de longo prazo para o setor: «Devia de uma vez por todas haver um Plano Nacional da Água, com uma visão de 20 anos e não de 4 ou 5 anos». O gestor da Magos SA questiona ainda a ausência de investimento privado: «Nós não podemos estar à espera que o Estado pague tudo».
Joaquim Banza, agricultor de Aljustrel, considera que «grande parte daquilo que o regadio do Alentejo precisa, do mais antigo, está fora das previsões da Estratégia Água que Une», embora reconheça os avanços: «Deu-se um passo em frente, é preciso é não parar com estes investimentos».
A ligação entre bacias hidrográficas, nomeadamente o eventual transvase entre o Alqueva e a Barragem de Santa Clara, também foi tema do episódio, com os intervenientes a manifestarem opiniões divergentes sobre esta medida.