

Joaquim Luís Costa
Licenciado em Ciências Históricas, mestre e doutor em Ciência da Informação. Historiador.Em 1125, Afonso Henriques armou-se cavaleiro em Zamora. Este ano, comemoram-se os 900 anos desse ato.
Independentemente de alguns autores argumentarem que o episódio a narrar pode estar um pouco romanceado porque na realidade não aconteceu como narram os cronistas, o certo é que a 17 de maio de 1125, o infante Afonso Henriques, com cerca de 14 anos, armou-se a si próprio cavaleiro na Catedral de Zamora, no então reino de Leão, desafiando os poderes presentes na cerimónia e a ordem estabelecida. Era Domingo de Pentecostes.
Com esse gesto, Afonso Henriques manifestou a todos, sobretudo para a realeza dos reinos vizinhos de Leão e de Castela, o estatuto régio a que aspirava e alinhava-se com as forças – que incluíam os Sousas, os Ribadouro e os de Baião, as grandes famílias nobres da nossa sub-região – que o ajudariam a orientar o Condado para a independência. Ele fê-lo em Zamora, em 1125, o mesmo local onde, 18 anos depois, em 5 de outubro de 1143, seria recebido pelo seu primo Afonso VII, rei de Leão e Castela, que, então, reconheceria o estatuto jurídico de Portugal como reino independente.
Neste ano de 2025, o Domingo de Pentecostes é a 8 de junho. Será sobretudo neste dia que se vão realizar algumas cerimónias em Portugal e além-fronteiras para comemorar a efeméride, embora já se tenham realizado algumas em maio.
Se bem notaram, escrevi “algumas”, porque verifico que são poucos os eventos agendados para lembrar este episódio. Por vezes, as instituições nacionais caem na apatia de não comemorarem acontecimentos simbólicos, mas relevantes, para a criação da nossa nacionalidade. Possivelmente, esta autoproclamação foi um dos primeiros sinais de Afonso Henriques para demonstrar publicamente a vontade de querer ser português!
De entre as entidades que vão comemorar a efeméride, gostaria de destacar a Sociedade História da Independência de Portugal que programou uma série de eventos, destacando-se um a realizar em Zamora, no citado dia 8 de junho.
Descrevo sucintamente o que está previsto.
As cerimónias iniciam-se às 11h00, com um desfile português pelas ruas de Zamora, com delegações e bandas de música, até à Catedral. Aqui, às 12h00, terá lugar Missa Solene. No final da celebração religiosa, será apresentada uma emissão filatélica comemorativa, com a colaboração dos CTT de Portugal. Seguir-se-á uma evocação aos 900 anos por parte do senhor presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Ribeiro e Castro. Depois, terá lugar um espetáculo de teatro popular cuja figura central será Afonso Henriques, como não poderia deixar de ser. Para finalizar, novo desfile de bandas de música portuguesas.
Como vivemos num mundo cada vez mais “virado do avesso”, penso que é útil lembrarmo-nos das nossas raízes e das efemérides que ajudaram a fundar o nosso país. Assim, recomendo que visitem o sítio eletrónico da Sociedade Histórica da Independência de Portugal em https://sociedadehistorica.pt/ para que todos possamos acompanhar e apoiar instituições que contribuem para lembrar e celebrar acontecimentos que promovem a afirmação de Portugal e o bom em se ser português.
Se puder, não deixe de participar.