Têm sido regulares os escândalos autárquicos em que os três maiores partidos – PS, PSD e Chega – se têm envolvido, sobretudo no Distrito de Setúbal: líderes distritais que são corridos de iniciativas dos sociais-democratas por descontentamento dos militantes; guerras internas dos socialistas que acontecem em praça pública; ou até mesmo a perda de praticamente todos os eleitos que passam a independentes, como aconteceu com o Chega no Seixal. 

Contudo, a entrada de personalidades influentes no espaço digital na atividade política é um fenómeno cada vez mais presente e polémico. Sendo este um ano de Eleições Autárquicas, os partidos políticos vão fazendo as suas apostas com o objetivo de captar nichos específicos que considerem que aumentam a sua visibilidade local, muitas vezes desconsiderando o trabalho pela comunidade e a proximidade aos problemas locais como uma prioridade na escolha dos seus candidatos.

Foi através das redes sociais do próprio tiktoker que o Diário do Distrito ficou a saber que a candidatura da Aliança Democrática (PSD e CDS) no Seixal integrou a personalidade online Lucas Claro, de 24 anos, nas suas listas para as próximas eleições, a convite do candidato a Presidente da Junta de Freguesia de Corroios pela AD, Pedro Tomás. Nos últimos meses esta personalidade digital tem-se mostrado interessada em geopolítica, o que pode ter motivado esta decisão dos responsáveis da AD.

Na partilha que fez nas redes sociais Lucas Claro mostra o requerimento preenchido para que seja recenseado e formalizado como candidato da AD, colocando nesse mesmo documento que a sua profissão é “criador de conteúdos digitais”. O jovem é também conhecido como “super god sigma”, como se auto-intitula, e diz ser ser “o melhor jogador de futebol de rua de Portugal”.

Apesar de apresentar um conteúdo de teor cómico este influencer vai mantendo a regularidade nos vídeos em que publica as suas opiniões políticas pessoais, partilhando perspectivas que são próximas às do governo de Luís Montenegro. O jovem tem disseminado, por exemplo, teorias de que a Europa e Portugal devem investir numa corrida ao armamento para uma alegada situação de guerra.