
Intitulada 'Uma Cozinha no Museu. No centenário de Querubim Lapa', a exposição é inaugurada hoje, às 18h30, assinalando os 100 anos do nascimento de um dos maiores ceramistas portugueses do século XX.
No centro da exposição está a reconstituição da cozinha concebida por Querubim Lapa (1925-2016) entre 1988 e 1989 para um apartamento na Rua dos Correeiros, em Lisboa, adquirida pelo museu em 2023, através da então Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
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O espaço foi fielmente recriado, respeitando as dimensões, o mobiliário original e o programa iconográfico, numa evocação da forma como a azulejaria portuguesa se articula com a arquitetura e o quotidiano, indica um texto divulgado pelo MNAz.
Descrita como uma "obra de arte total", esta cozinha revela "o lado mais lúdico e irónico" de Querubim Lapa, onde "por toda a parte se come e é comido", como se lhe referiu o crítico de arte José Luís Porfírio.
A exposição destaca o universo visual do artista português, povoado por referências a alimentos, mitologia, erotismo e fábulas, com citações de artistas como Giuseppe Arcimboldo, evocando o talento e domínio técnico excecional do desenho e da pintura cerâmica.
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Para além do revestimento azulejar, a mostra inclui estudos preparatórios, uma maquete à escala pertencente ao Museu de Lisboa, e um vídeo com testemunhos da ceramista Suzana Barros Lapa, mulher do artista, e do historiador de arte Pedro Lapa, seu filho, que foi diretor do Museu Nacional do Chiado e do Museu Coleção Berardo.
Nascido em Lisboa, onde estudou na Escola de Belas-Artes e se formou em Pintura, enveredando também pelas artes decorativas e pela cerâmica, Querubim Lapa foi professor na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e influenciou várias gerações de artistas.
A sua obra atravessa várias disciplinas, incluindo a escultura, a pintura mural e, sobretudo, a azulejaria, onde desenvolveu uma linguagem considerada profundamente original e inovadora.
Com uma carreira marcada por grandes encomendas públicas e uma intensa atividade pedagógica, Querubim Lapa teve um papel central na renovação da azulejaria portuguesa no pós-guerra.
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A sua produção integra edifícios emblemáticos de todo o país, conjugando tradição e modernidade com um forte sentido simbólico, cromático e expressivo, destacando-se, entre as encomendas que recebeu, o painel cerâmico da Biblioteca e Arquivo do Banco de Portugal, os painéis do Palácio da Justiça, o revestimento interior e exterior da Casa da Sorte, ou o painel da Pastelaria Mexicana, em Lisboa.
Mestre na manipulação da cerâmica e no uso do azulejo como suporte artístico, evidenciou-se também pelo humor, erotismo e referências mitológicas presentes em muitas das suas obras.
A exposição no MNAz poderá ser visitada até 27 de julho, de terça a domingo, entre as 10h00 e as 18h00, com última entrada às 17h30.
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