![Damon Motorcycles: Risco real de não cumprir as pré-encomendas mesmo depois de ter recebido valores?](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
Apesar das promessas grandiosas de uma moto elétrica com 200 cavalos e 320 km de autonomia, a situação interna da Damon Motorcycles levanta dúvidas crescentes quanto à capacidade da empresa de entregar as motos pré-encomendadas.
Nos últimos anos, a Damon tem vindo a demonstrar sinais inquietantes. Desde a saída inesperada do cofundador Dominique Kwong, que mais tarde regressou para assumir o cargo de CEO, até à recente demissão do CTO Derek Dorresteyn – uma das figuras-chave por trás dos projetos e das patentes da empresa – o ambiente interno parece dominado pelo caos. Fontes próximas revelam que a empresa tem assistido a múltiplos despedimentos não anunciados, tendo perdido cerca de 28% do seu quadro entre 2023 e 2024. Tais instabilidades geram um clima de incerteza que pode comprometer seriamente o cumprimento dos compromissos assumidos com os clientes que depositaram o seu dinheiro na esperança de ver chegar a tão aguardada moto.
Inicialmente, a Damon apresentou a sua proposta como um marco na segurança dos condutores, integrando tecnologia avançada – câmaras, radares e sensores – para criar um «escudo» que melhorasse a consciencialização do motociclista face aos perigos da estrada. Contudo, esta visão foi rapidamente substituída por um foco excessivo na potência, na autonomia elétrica e na velocidade máxima. O resultado é um produto que, na prática, parece mais um protótipo mal acabado do que a materialização de uma inovação disruptiva.
Os planos de produção têm sido igualmente confusos. Inicialmente concebida para fabricar as motos numa instalação em Vancouver, a Damon optou por uma mudança para a Califórnia, numa decisão que veio acompanhada de atrasos sucessivos. O prazo, que passou de 2021 para 2024 e agora é estimado para 2026, deixa claro que a empresa ainda se encontra longe de concretizar a sua promessa. Para os entusiastas que já efetuaram pré-encomendas com base em depósitos, esta mudança de datas é motivo de grande preocupação.
O único protótipo visível – a HyperSport – dista muito daquilo que foi inicialmente prometido. Relatos de testes indicam que as funcionalidades de assistência ao condutor, largamente divulgadas, estão ausentes. Pelo contrário, o protótipo exibe componentes emprestados de outros modelos, nomeadamente de motos estabelecidas, o que coloca em causa a capacidade da Damon para desenvolver uma máquina verdadeiramente inovadora. Esta situação não só reforça as dúvidas sobre a viabilidade técnica do projeto, como também levanta a questão: será que os primeiros clientes, que já depositaram as suas expectativas e recursos, algum dia terão acesso à moto que lhes foi prometida?
Com um quadro de liderança desmotivado, um ambiente de trabalho caótico e constantes adiamentos na produção, o futuro da Damon Motorcycles parece cada vez mais nebuloso. Para os investidores e futuros proprietários que depositaram dinheiro na esperança de obter uma moto elétrica revolucionária, a realidade pode ser bem diferente do que foi inicialmente anunciado. Se a empresa não conseguir reverter a sua situação, os riscos de incumprimento dos compromissos assumidos tornam-se cada vez mais palpáveis.
A promessa de 200 cavalos e 320 km de autonomia, acompanhada de avançadas medidas de segurança, pode, no fim, transformar-se num pesadelo para quem acreditou na visão inicial da Damon. Resta aguardar – e, infelizmente, permanecer cético – quanto à possibilidade de verem finalmente a entrega de um produto que, por agora, parece estar fadado a permanecer no limbo das promessas não cumpridas.
Source: Rideapart