
Foi ao lado da mulher que Jorge Nuno Pinto da Costa morreu no dia 15 de fevereiro, aos 87 anos, na sua cama. A TV 7 Dias conseguiu apurar que Cláudia Campo não se apercebeu inicialmente que o ex-presidente do Futebol Clube do Porto tinha morrido e foi o seu pai, sogro de Pinto da Costa, que percebeu ao medir-lhe a pulsação. As lágrimas correram de imediato pela cara de todos. Depois de um momento mais íntimo, começaram a informar os amigos e a tratar de todas as burocracias do velório e funeral, que o próprio já tinha pago e deixado escrito como queria que decorresse.
Foram milhares os que quiseram despedir-se do homem mais premiado do mundo – mais de 2400 prémios conseguidos – na Igreja das Antas, mesmo ao lado do Estádio do Dragão. O corpo chegou por volta das 18 horas de domingo, dia 16, já toda a família tinha entrado, e por lá ficaram até fechar, já passava das 00h00. Na organização estavam, para além da família, os Super Dragões, fiéis adeptos do FC Porto e também do próprio Jorge Nuno Pinto da Costa. Eram eles que controlavam todas as entradas na igreja e deixavam passar quem estava autorizado a entrar e barravam quem o ex-presidente tinha proibido, em vida, de estar presente. Era o caso de André Villas-Boas.
A TV 7 Dias falou com Álvaro Martins, membro dos Super Dragões há mais de 20 anos, que nos explicou como montaram a organização. “Isto é espontâneo por amor e carinho à pessoa. Isto não tem nada a ver com o Futebol Clube do Porto. Eu estou aqui porque gostava da pessoa, era o meu ídolo, era e é a pessoa no Porto que não era político e sempre defendeu o Porto mais do que os políticos. A nível de futebol, é o que se sabe. É o maior, uma lenda, é o presidente com mais títulos no mundo. Isso diz tudo e não merecia muita coisa”, começa por dizer o adepto portista.
Nesta noite estavam mais de 50 “super dragões” a orientar os adeptos que quiseram entrar na igreja e fizeram filas para se despedirem de Pinto da Costa. Mas houve quem não pudesse entrar, uma vez que o ex-presidente deixou uma lista de pessoas que não eram bem-vindas no seu funeral, entre elas estava André Villas Boas, atual presidente do FC Porto. Álvaro Martins garante que caso ele aparecesse não passava da porta.
“Não entrava. Isto não é o Futebol Clube Porto. Isto não tem nada a ver com o Futebol Clube Porto. A pessoa chega e ‘eu sou diretor do Porto’. Ok, e? Lá por ser diretor do Porto, não tem acesso. O homem não está ligado ao Porto. Foi maltratado pelo Porto. Eu nasci debaixo da ponte, a palavra traição é das coisas mais tristes que existem. E isso eu não perdoo. Este senhor, o Villas-Boas, empurrou devagarinho o senhor Pinto da Costa para esta situação [N.R.: morte]. É a minha opinião. Ainda ontem o senhor Póvoas confirmou isso. Que ele, depois de perder as eleições, foi muito abaixo. Isto era a vida dele. Era a vida, era o amor, era tudo”, finaliza.
Texto: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com); Fotos: Arquivo Impala, João Manuel Ribeiro e Nuno Moreira