A morte do streamer e influenciador francês Raphaël Graven, conhecido online como Jean Pormanove, durante uma transmissão em direto na plataforma Kick, está a chocar França pela extrema violência das imagens e pela ausência de qualquer censura. O incidente ocorreu na noite de segunda-feira, 18 de agosto, em Contes, perto de Nice, no local onde realizava os vídeos que o tornaram popular.

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Pormanove, de 46 anos, era seguido por mais de 582 mil pessoas no TikTok e participava regularmente em vídeos nos quais era humilhado e agredido por outros dois influenciadores, num formato de “espetáculo” onde ele assumia o papel de vítima. A transmissão da sua morte prolongou-se por 289 horas, com momentos em que um dos presentes tentou acordá-lo, sem sucesso, terminando apenas quando a câmara foi desligada. Segundo as autoridades, Pormanove morreu enquanto dormia.

A Procuradoria Geral de Nice abriu uma investigação para apurar as causas da morte e ordenou a realização de uma autópsia. A ministra delegada para os Assuntos Digitais, Clara Chappaz, classificou o caso como “um horror absoluto” e acusou a plataforma Kick de permitir meses de maus-tratos públicos contra o streamer. Nas transmissões, estavam presentes Owen Cenazandotti (“Naruto”), Safine Hamadi (“Safine”) e outro homem identificado como “Coudoux”, sendo que o falecido e este último foram alvo de agressões e insultos por parte de Naruto e Safine.

O caso está a gerar um debate na França sobre os limites das plataformas digitais e a necessidade de moderação rigorosa. A autoridade francesa de regulação audiovisual e digital (Arcom) abriu um inquérito e foi apresentada denúncia na plataforma pública Pharos, destinada a recolher conteúdos ilegais online. Paralelamente, os dois agressores já estavam a ser investigados desde janeiro por crimes como incitação ao ódio, violência contra pessoas vulneráveis e difusão de atos ilícitos.

Pormanove, ex-militar, era conhecido por participar em vídeos onde sofria agressões físicas, desde chapadas a disparos de paintball, muitas vezes perante milhares de espectadores. Na transmissão do dia antes da sua morte, cerca de 10 mil pessoas assistiam em direto, evidenciando a dimensão do fenómeno que agora levanta questões sobre segurança e responsabilidade nas redes sociais.