
"É desvalorizar os três", disse à Lusa Rui Galveias, da direção do Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos (Cena-STE), referindo-se ao facto de a Cultura estar agora junta com Juventude e Desporto sob alçada de Margarida Balseiro Lopes.
Na mesma linha, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (Starq), Regis Barbosa, afirmou que, "mais do que o nome da ministra, o que parece claro é que a Cultura não vai ser valorizada pelo novo Governo, fica fundida com outros ministérios, uma solução que não augura ser positiva".
Regis Barbosa, que salientou que o sindicato se mantém aberto ao diálogo, lembrou os muitos investimentos necessários para o setor, em particular no que toca ao número de trabalhadores: "Continua a ser insuficiente e agrava-se com o envelhecimento dos quadros".
"Foi uma má notícia", concluiu o dirigente do Starq.
Por seu lado, Rui Galveias traçou uma continuidade em relação à ministra Dalila Gonçalves - que classificou como "muito silenciosa, muito pouco presente e muito pouco ligada aos problemas do setor e dos trabalhadores" - no sentido em que considera que se mantém uma ausência de estratégia política para um serviço público de Cultura.
"Faz parte daquilo que entendemos que tem sido a perspetiva dos últimos anos, é um Governo que não está muito preocupado [com soluções] que sirvam de facto os trabalhadores da Cultura e país no seu todo", afirmou.
O dirigente do Cena-STE recordou o que estabelece como um "problema de fundo", que é a "absoluta indiferença perante a extrema precarização do setor", sem que se veja nesta nova orgânica do Ministério da Cultura, Juventude e Desporto "qualquer caminho para o fim dessa precariedade".
As pastas da Cultura, Juventude e Desporto vão passar a ser lideradas pela jurista Margarida Balseiro Lopes, até agora ministra da Juventude e Modernização, como anunciado na quarta-feira.
Execução do PRR nas áreas do património cultural e da transição digital, Lei do Mecenato, Lei do Preço Fixo do Livro e o novo Programa de Financiamento à Indústria do Audiovisual e do Cinema, em fase de consulta pública, juntam-se agora aos trabalhos da ministra, no XXV Governo Constitucional.
Vice-presidente do PSD e cabeça-de-lista por Leiria nas legislativas de 18 de maio, a ex-deputada Balseiro Lopes é muito próxima de Luís Montenegro e assumiu pastas mais sensíveis na relação com a extrema-direita, como o racismo e a discriminação sexual.
Ao longo do mandato, Balseiro Lopes manteve as principais linhas políticas nesta matéria e passou ao lado de algumas polémicas, procurando focar o discurso na transição digital e modernização da máquina administrativa do país, com o reforço da rede de Lojas do Cidadão, na estratégia para a infância e juventude e de combate à pobreza.
O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, apresentou na quarta-feira o seu segundo Governo, que terá 16 ministérios, menos um do que o anterior, e vai manter 13 dos 17 ministros do executivo cessante.
A posse do XXV Governo Constitucional será hoje às 18h00, 18 dias depois das eleições, o que constitui o processo mais rápido de formação de Governo nos mandatos presidenciais de Marcelo Rebelo de Sousa.