“Ainda estou aqui”, de Walter Salles, chega esta quinta-feira às salas de cinema portuguesas e traz para a grande tela a história (verídica) de luta de uma família em busca pela verdade.

Com a ditadura militar no Brasil como pano de fundo, o filme fala dos 40 anos em que Eunice Paiva batalhou para saber o que aconteceu ao seu marido depois de ter sido levado pelas autoridades

O roteiro foi escrito a partir da autobiografia homónima de Marcelo Rubens Paiva (um dos filhos do casal) publicada em 2015. Ganha agora vida nas interpretações de Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello.

O caminho internacional

A apreciação internacional começou em Veneza com um longo aplauso de 10 minutos, seguido da atribuição do prémio de melhor argumento. Foi (apenas) o primeiro de uma longa lista que ainda estava para vir.

Foi ainda indicado ao Globo de Ouro para melhor filme em língua estrangeira e melhor atriz em filme de drama, tendo apenas vencido na segunda categoria. Está também na corrida para um BAFTA na categoria de melhor filme em língua não inglesa.

Gareth Cattermole / GettyImages

O filme está na pré-lista de indicados ao Óscar e as nomeações oficiais deverão ser conhecidas na próxima quinta-feira (dia 23), uma vez que foram adiadas devido aos incêndios em Los Angeles.

Poderá ser o quarto filme de Walter Salles a representar o cinema brasileiro depois de "A Grande Arte" (1991), "Central do Brasil" (1998) e "Abril Despedaçado" (2001). A 97ª edição está marcada para dia 2 de março.

O Globo de Ouro que chegou 25 anos depois

Fernanda Torres fez história e conquistou o Globo de Ouro de melhor atriz, tornando-se na primeira atriz brasileira a alcançar esse feito. Como se isso já não fosse suficiente, a atribuição deste prémio foi o fechar de um ciclo

“Quero dedicar este prémio à minha mãe. Vocês não têm ideia, ela estava aqui há 25 anos. Isto é uma prova de que a arte pode permanecer na vida das pessoas, mesmo nos momentos difíceis”, disse Fernanda Torres no discurso de vitória.

Em 1999, Fernanda Montenegro foi indicada ao mesmo prémio pelo filme “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles.

Mario Anzuoni