
"Quisemos mostrar a relação com o oceano em Portugal", diz Kengo Kuma, quando questionado qual foi a inspiração do projeto.
Portugal participa na Expo Osaka com o tema "Oceano, Diálogo Azul" e está situado na zona "Empowering Lives", num lote com 1.836,75 metros quadrados, ficando perto do Pavilhão do Japão.
O projeto de Kengo Kuma expressa a dinâmica do momento oceânico, utilizando 9.972 cabos suspensos que pesam mais de 60 toneladas, e redes recicladas para criar um efeito perene e exposto aos elementos naturais como o sol e o vento, de acordo com a organização.
A vida de Portugal e do Japão está "muito ligada com o oceano", no sentido em que "comemos peixe, viajamos muito pelos oceanos e a história e a vida estão intimamente ligadas ao oceano", acrescenta o arquiteto.
Há esta "singularidade de Portugal e do Japão e queremos mostrar" essa semelhança entre os dois países.
O volume do Pavilhão de Portugal é caracterizado por uma instalação cénica que simboliza a praça superior suspensa como uma onda.
"Este design é muito, muito novo para a história da arte. Há muito tempo tentamos usar linhas como um recurso para a navegação. Com essas linhas, tentamos mostrar a beleza dos fenómenos naturais", no mar "vemos a luz natural e a brisa", explica.
"Tentámos trazer esse tipo de fenómeno natural para a Expo, talvez seja a primeira tentativa na história da Expo de trazer a própria natureza para o pavilhão", sublinha o arquiteto.
Questionado sobre se a inteligência artificial (IA) é amiga ou inimiga da arquitetura, Kengo Kuma opta pela primeira opção.
"Sim, é uma amiga", até porque na verdade no processo de design "estamos a trabalhar com a IA".
A inteligência artificial "é uma equipa muito forte entre nós" e "gostamos de trabalhar" com esta tecnologia, refere.
Sobre o que vai acontecer ao pavilhão depois de terminar a Expo, o arquiteto diz querer levar a diversidade do projeto (que inclui cabos de diversos diâmetros e comprimentos) para diferentes lugares.
"Quero levar essa diversidade para diferentes lugares" e "agora estamos a planear trabalhar com alguns artistas" sobre isso.
Kengo Kuma adianta que o projeto do Matadouro, no Porto, esta a concluir-se e que tem mais dois projetos em Portugal.
O arquiteto diz adorar o lado as grandes cidades em Portugal, mas também o lado montanhoso e o oceano do país.
"Queremos desfrutar da diversidade de Portugal", sublinha.
Questionado como é que se pode tornar atualmente a arquitetura mais sustentável, Kengo Kuma considera que "o mais importante para a sustentabilidade é deixar a memória da arquitetura para sempre".
Ou seja, "a arquitetura, a vida, basicamente, não são tão permanentes".
Contudo, "podemos deixar a memória da arquitetura para sempre, que é a conexão entre arquitetura e humanidade" e isso "é o mais importante para a sustentabilidade", remata.
Instado a comentar a polémica à volta da sua escolha para projetar o Pavilhão Português, o arquiteto salienta que tem um escritório internacional que trabalha em Portugal.
"Talvez seja por isso que fomos convidados", conclui.
Sobre os desafios que a arquitetura enfrenta atualmente, Kengo Kuma refere que o seu custo está a aumentar "drasticamente" e que todos querem reduzi-lo.
"Mas, ao mesmo tempo, as pessoas querem criar um novo monumento" para este pilar.
"E o custo e a monumentalidade devem andar juntos" na atualidade.
A Expo 2025 decorre desde 13 de abril a 13 de outubro na ilha artificial de Yumeshima, localizada na orla de Osaka, Kansai, no Japão.
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