
A onda de detenções de imigrantes ilegais que provocou os protestos públicos violentos no início de junho continua, mas a cidade não assiste a grandes manifestações desde o fim de semana passado.
Embora em grande parte pacíficas, as manifestações degeneraram várias vezes em violência e confrontos com a polícia numa pequena parte de Los Angeles. Donald Trump destacou então 4.000 soldados da Guarda Nacional da Califórnia e 700 fuzileiros navais.
"Infelizmente, os soldados (da Guarda Nacional) e os fuzileiros navais continuam a ser necessários no contexto atual, porque receamos que a situação possa degenerar novamente", disse Vance, durante uma visita ao centro de comando militar no local.
O vice-presidente congratulou-se com o facto de um tribunal federal de recurso ter validado na véspera o destacamento da Guarda Nacional. Isso mostra que o envio de tropas "foi inteiramente legítimo e apropriado", insistiu.
Donald Trump "voltará a fazê-lo, se for necessário", avisou. A afirmação pode ser lida no contexto das novas operações anti-imigrantes lançadas pela Administração norte-americana noutras cidades democratas, como Chicago e Nova Iorque.
O destacamento da Guarda Nacional, sem a aprovação do governador do Estado - que é a primeira autoridade sobre este corpo militar de reserva - é inédito desde 1965 nos Estados Unidos.
No terreno, estes soldados estão a ser utilizados para proteger os edifícios federais, bem como os agentes da polícia de imigração (ICE, Immigration and Customs Enforcement).
A presidente democrata da Câmara de Los Angeles, Karen Bass, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, também democrata, condenaram o que designaram como uma medida extrema e injustificada, considerando-a "criadora de uma crise".
Os dois funcionários democratas condenaram repetidamente a violência e reiteraram que as forças policiais locais são suficientes para gerir a situação: o Departamento de Polícia de Los Angeles deteve cerca de 600 pessoas desde o início dos protestos e, na terça-feira, o procurador da cidade anunciou as primeiras acusações contra cerca de trinta indivíduos.
Esta sexta-feira, Vance acusou a presidente da câmara e o governador de "encorajarem os agitadores de extrema-esquerda" e de "facilitarem a violência e os motins" na cidade.
O vice-presidente referiu-se ainda à Califórnia, como um Estado "santuário" para os imigrantes, e condenou uma alegada colaboração restrita entre as forças da ordem locais e os agentes da ICE.
"Ao tratarem a cidade como uma cidade-santuário, Gavin Newsom e Karen Bass declararam, de certa forma, a temporada de caça às forças policiais federais" de imigração, acusou JD Vance.
Donald Trump fez da luta contra a imigração a sua principal prioridade desde que regressou ao poder e prometeu deportar milhões de imigrantes ilegais, mas tem enfrentado não apenas a oposição, política e nos tribunais, de vários estados democratas como de vários setores da economia que necessitam crucialmente da mão-de-obra imigrante.
Com efeito, na semana passada, Trump reconheceu que uma política de imigração "muito agressiva" está a afetar os setores da agricultura, da hotelaria e do entretenimento, e anunciou que haveria "mudanças", sem fornecer mais pormenores.
Esta sexta-feira, numa referência aos agricultores da Califórnia, o chefe de Estado afirmou que não quer ver as quintas "falidas", e que a Administração está a pensar na forma de os responsabilizar pelos trabalhadores que entenderem manter.
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