
De acordo com os dados até dezembro último do relatório "Fator G para Recursos Naturais", consultado hoje pela Lusa, a Montepuez Rubi Mining (MRM) teve uma receita total de 117,2 milhões de dólares (102,5 milhões de euros) em 2024.
Este relatório visa promover a transparência sobre o nível de riqueza dos recursos humanos partilhados pela Gemfields "com os governos dos países anfitriões" provenientes dos setores mineiro, petrolífero, gás, madeira e pesca, e no documento anterior, de 2023, identificava então receitas totais daquela exploração, no norte de Moçambique, de 151,3 milhões de dólares (132,4 milhões de euros).
Desde que a Gemfields adquiriu os 75% da MRM -- em fevereiro de 2012, ano do início da exploração mineira, tendo os leilões de rubis iniciado dois anos depois --, aquela mina acumula receitas superiores a 1.172 milhões de dólares (1.026 milhões de euros), tendo pago ao Estado moçambicano, no mesmo período, 285,5 milhões de dólares (250 milhões de euros).
No ano passado, a MRM pagou ao Estado moçambicano 28,1 milhões de dólares (24,6 milhões de euros) -- quase metade face aos 53,2 milhões de dólares (46,6 milhões de euros) de 2023 - em 'royalties' e impostos, segundo o mesmo relatório.
A Montepuez Ruby Mining Limitada (MRM) é uma empresa moçambicana que opera no depósito de rubis de Montepuez, abrangendo aproximadamente 33.600 hectares.
"Acredita-se que seja o depósito de rubis mais significativo recentemente descoberto no mundo", refere a empresa, que garante ter criado localmente mais de 1.400 postos de trabalho.
A MRM é detida em 75% pela Gemfields e em 25% pela Mwiriti Limitada, uma empresa moçambicana.
Aquela mina retomou a atividade em janeiro passado, após ter interrompido os trabalhos na sequência da agitação social na zona, no âmbito da contestação que se seguiu às eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique.
Segundo a empresa, na última semana de 2024, "mais de 200 pessoas tentaram invadir" a vila da MRM, destruindo e incendiando várias estruturas. Nesta escalada de violência, a intervenção da polícia e militares que garantem a segurança no local levou à morte de duas pessoas no local.
Algumas das 500 pessoas que trabalham na área foram na altura deslocadas para outros locais a partir de 26 de dezembro, por questões de segurança, dois dias depois da interrupção das atividades na mina.
Anteriormente, a MRM também confirmou que no mesmo período a aldeia vizinha de Wikupuri, construída pela mineradora, foi atacada por alegados manifestantes, com saques e destruição.
A Gemfields é líder mundial em mineração responsável e comercialização de pedras preciosas coloridas e, além da MRM, é operadora e proprietária de 75% da mina de esmeralda Kagem, na Zâmbia, apresentada como "a maior mina de esmeralda do mundo", bem como licenças de amostragem a granel na Etiópia, entre outras.
"As pedras preciosas extraídas de forma responsável da Gemfields são a escolha preferida para peças criadas por muitas casas de luxo de renome mundial e designers de ponta", segundo informação anterior da empresa.
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