
"Nós não vamos cair na casca de banana que o Governo quer pôr, para a gente comentar isto. Aquilo que é preciso que o primeiro-ministro [Luís Montenegro] faça é acabar de uma vez por todas com a grave, porque está nas mãos do Governo", afirmou Paulo Raimundo, após uma visita ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Beja.
O líder comunista respondia aos jornalistas sobre as declarações de hoje do presidente do PSD, após este admitir que poderia ser necessário alterar a lei para equilibrar o direito à greve com outros direitos.
"O objetivo de Luís Montenegro é que agora passe aqui a comentar: 'Ai, ai, ai, que ele vai atacar o direito à greve. Ai, ai, ai...'. Ora, não é isso que a gente precisa agora. Isso é conversa para a gente se distrair", comentou.
Segundo o secretário-geral do PCP, quer o ministro das Infraestruturas quer Luís Montenegro, "em vez de andarem a fazer campanha com este assunto, em vez de estarem a arrastar esta greve", deveriam concentrar "os seus esforços, o seu tempo e as suas palavras para, juntamente com a CP e os trabalhadores da CP, resolver este problema".
Questionado pela agência Lusa sobre o que poderia ter sido feito para evitar a greve, que se prolonga até 14 de maio, Paulo Raimundo disse que seria possível à CP avançar com acordos com os trabalhadores, ao contrário do que o Governo alega, que se escuda no facto de estar em gestão.
Este "foi o mesmo Governo que [em gestão] contraiu ou quer contrair quatro mil milhões de euros para a guerra e para o armamento", notou.
"Digam lá se isto não é uma casca de banana. É, mas connosco não. Nós andamos nisto há muito tempo, muitos anos a virar frangos", acrescentou.
Sobre a ausência de serviços mínimos na CP, que foram garantidos noutras greves, Paulo Raimundo pediu aos jornalistas para dirigir essa questão à Comboios de Portugal.
"Não temos nada a ver com isso. Isso tem de perguntar à CP, que sou do PCP, não sou da CP", atirou.
A paralisação da CP, que se prolonga até 14 de maio, foi convocada contra a imposição de aumentos salariais "que não repõem o poder de compra", pela "negociação coletiva de aumentos salariais dignos" e pela "implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado", segundo os sindicatos.
A greve teve um especial impacto entre terça-feira e hoje devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias.
Por decisão do Tribunal Arbitral, estas greves não têm serviços mínimos.
JGA (SMA/MPE) // JPS
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