
No mesmo dia em que o Governo, pela voz do ministro da Economia, garantiu que “não vai haver défice em Portugal”, o Presidente Marcelo veio pôr água na fervura. O ritmo de crescimento de Portugal deve diminuir no próximo ano e, por isso, antecipa, é previsível “um ligeiro défice”.
“Já se sabia que 2025 iria ser um ano em que era difícil acompanhar o crescimento de 2024 e 2023, o Governo já tinha admitido que ia diminuir o ritmo de crescimento e começam a pagar-se juros da dívida”, lembrou em declarações aos jornalistas à entrada para a Universidade Fernando Pessoa, no Porto, onde foi dar uma aula
Questionado sobre as previsões do Conselho das Finanças Públicas (CFP), que prevê um saldo orçamental nulo para este ano e um regresso aos défices em 2026, devido a medidas de aumento da despesa pública, o Presidente Marcelo admite que é uma possibilidade.
"Tal como o Governo já tinha tido, ou se fica equilibrado ou se fica com ligeiro défice. Se entretanto se complicar a situação internacional, faz sentido que se diga que tanto pode ser um coisa tangencial como tangencialmente negativa", sustentou.
Mas isso, acrescentou, só se saberá em 2026.
Nas Perspetivas Económicas e Orçamentais 2025-2029, a CFP aponta para o regresso a uma situação de défices orçamentais a partir de 2026, "na hipótese de manutenção das políticas em vigor".
A estimativa é de um défice de 1% do PIB em 2026 e para os anos seguintes até 2029 perspetiva-se uma estabilização do défice orçamental em torno de 0,6% do PIB.
Défice? “Não, isso é claríssimo”
Ao final da manhã desta quinta-feira foi outra a previsão do ministro da Economia. Pedro Reis assegurou que Portugal não vai ter défice, após ter apresentado medidas de apoio à economia para mitigar impacto das tarifas, considerando que isso é consequência do trabalho de casa feito.
"Não vai haver défice em Portugal, isso é claríssimo. E poder afirmar que não vai haver défice numa fase de volatilidade mundial, numa fase de instabilidade, quer dizer que algum trabalho de casa terá sido feito para escorar a nossa economia", disse Pedro Reis no final do Conselho de Ministros em que foi aprovado o Pacote Reforçar com medidas no valor de 10 mil milhões de euros.
A afirmação do ministro surgiu depois de serem conhecidas as novas projeções macroeconómicas do CFP.
Antes, Pedro Reis já tinha sido questionado pelos jornalistas sobre a previsão do CFP e se podia garantir que Portugal não iria regressar aos défices, tendo afirmado que "garantia de que não há défice, ninguém pode dar", mas assegurando que tudo está a ser feito para que não aconteça défice, dando como exemplo as medidas de apoio à competitividade, exportação e internacionalização aprovadas em Conselho de Ministros.
Com LUSA