
Organizações multilaterais financiaram o desenvolvimento de Angola com mais de quatro mil milhões de dólares entre 2019 e 2023, com o Banco Mundial como principal financiador, segundo dados divulgados esta Quarta-feira, 02, pela consultora PwC.
Segundo o estudo, só o BM representou 83% do total, em 2023, com um total de 863,9 milhões de dólares, seguido pelos bancos de desenvolvimento regional (54,1 milhões de dólares) e instituições europeias (31,5 milhões de dólares).
A análise, aponta igualmente o elevado endividamento externo, taxas de juros globais elevadas e fragilidade institucional em Angola como algumas razões para obtenção de menor financiamento.
“Apesar de estável, a dívida externa [de Angola] ronda os 43,3 mil milhões de dólares (em 2024), grande parte junto de credores chineses. O aumento das taxas de juro internacionais tornou os empréstimos mais onerosos e menos sustentáveis”, referiu o director da PwC, Pedro Palha.
Em relação à fragilidade institucional, o diretcor da PwC referiu que a capacidade de execução de projectos, burocracia e posição em alguns ‘rankings’ mundiais/regionais “reduzem a confiança dos doadores”.
Por outro lado, apontou também o histórico político e geopolítico de Angola, “cuja guerra civil prolongada causou atraso na reintegração plena das redes multilaterais de cooperação”, e a instabilidade cambial, onde a desvalorização do kwanza (moeda angolana) “encarece importações e afeta a estabilidade macroeconómica” como outras razões que travam a obtenção de mais financiamentos em Angola.
O Banco Mundial (BM) foi o maior financiador durante o quinquénio, seguido pelos bancos de desenvolvimento regional, instituições europeias, Nações Unidas e outras multilaterais.
Os dados, diz a Lusa, constam da apresentação feita pelos membros de direcção da PwC em Angola, nomeadamente o director, Pedro Palha e o partner Maurício de Brito, sobre o posicionamento de Angola no contexto do aproveitamento do financiamento de entidades multilaterais.