
A OpenAI e a Microsoft estão a renegociar os termos da parceria multimilionária que une as duas empresas. O objetivo é permitir à fabricante do ChatGPT, a OpenAI, lançar uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês), para reforçar o financiamento das suas operações, mas protegendo o acesso da empresa de software aos modelos de inteligência artificial.
A OpenAI, que tem sido apoiada pela Microsoft — com um investimento de 13 mil milhões de dólares, cerca de 11,6 mil milhões de euros — , passará por uma reestruturação, para se distanciar das suas origens como organização sem fins lucrativos para servir a Humanidade, escreve o jornal “The Financial Times”. A empresa tem agora um formato híbrido, mas deverá transformar-se numa organização com fins lucrativos plenos.
A OpenAI surgiu como um laboratório de investigação sem fins lucrativos em 2015, pelas mãos de Sam Altman, Elon Musk e outros nove fundadores. O grupo lançou uma subsidiária com fins lucrativos em 2019, com a possibilidade de grupos externos investirem, em troca de uma parte dos lucros futuros. A OpenAI comunicava então aos investidores, incluindo a Microsoft, que deveriam considerar o financiamento “como uma doação”, avisando-os de que a sua missão teria precedência sobre os lucros. No entanto, os investidores deixaram de considerar o seu apoio como um donativo, sendo a Microsoft o principal exemplo.
Ao tornar-se uma empresa com fins lucrativos, a OpenAI poderá entrar em bolsa (através do IPO), captar mais dinheiro de outros investidores (o que também diluiria a posição da Microsoft) e competir com gigantes tecnológicas, como Google ou Amazon.
A Microsoft pretende melhorar as condições de retribuição pelo investimento já feito na OpenAI, e, de acordo com o “FT”, o contrato de cooperação deverá ser agora mais amplo.
O acordo, válido até 2030, permite à Microsoft ter acesso à propriedade intelectual da OpenAI, como modelos e produtos, bem como a uma participação na receita das vendas de produtos.
Fontes consultadas pelo “Financial Times” adiantam que, nestas negociações, a Microsoft está disposta a abdicar de parte da sua participação acionista no novo negócio lucrativo da OpenAI, em troca do acesso a novas tecnologias desenvolvidas para lá do prazo de 2030.
A redefinição das condições da cooperação entre as duas empresas determinará o rumo da OpenAI. Sam Altman, presidente executivo da empresa de modelos de linguagem e inteligência artificial, admitiu que o objetivo é ir cada vez mais longe, com sistemas que superem as capacidades humanas.
Há menos de uma semana a empresa-mãe do serviço de inteligência artificial ChatGPT anunciou um novo plano de governação após uma dura disputa pelo poder no negócio. Sam Altman disse então que a OpenAI permaneceria sob o controlo do seu conselho de administração sem fins lucrativos, evoluindo ao longo do tempo para uma “entidade de benefício público”.
Em abril, um grupo de antigos funcionários da Open AI e especialistas externos, incluindo o pai da IA, Geoffrey Hinton, escreveram aos reguladores da Califórnia e de Delaware, que têm poder sobre as organizações sem fins lucrativos, pedindo-lhes que interviessem para bloquear a conversão.
O presidente da OpenAI, Bret Taylor, disse que a startup tomou a decisão “após ouvir os líderes cívicos e iniciar um diálogo construtivo com os gabinetes do Procurador-Geral de Delaware e do Procurador-Geral da Califórnia”.