O crescimento económico global será o mais fraco desde a pandemia covid-19, segundo a OCDE. É estimado que o Produto Interno Bruto (PIB) global aumente 2,9% em 2025 e 2026, quando este valor tem excedido os 3% todos os anos desde 2020. “As perspetivas económicas enfraquecidas far-se-ão sentir em todo o mundo, quase sem exceção”, alertou Álvaro Santos Pereira, economista-chefe da OCDE ao Financial Times.

Ainda assim, a zona euro não viu a sua previsão de crescimento voltar a cair, como em março, com a OCDE a prever um crescimento de 1% do PIB este ano.

As perspetivas de aumento da produção mundial e da maioria das economias do G20 foram reduzidas, numa altura em que a guerra de tarifas iniciadas pelo Presidente Donald Trump tem prejudicado as principais economias, incluindo a dos Estados Unidos. A OCDE alerta ainda que os acordos para aliviar barreiras comerciais são “fundamentais” para aumentar o crescimento e evitar uma subida dos preços.

O crescimento dos EUA deverá abrandar particularmente, com o crescimento do PIB de 2,8% no ano passado para apenas 1,6% em 2025 e 1,5% em 2026. Há um “custo significativo” devido às taxas de Trump e da incerteza desta política.

Inicialmente, a atividade económica tinha beneficiado de um efeito Trump que se materializou num aumento do comércio "no final de 2024 e no primeiro trimestre de 2025", segundo a OCDE, devido à vontade das empresas de repor os stocks antes da descida das tarifas. "No entanto, estão a surgir alguns sinais de que estes resultados estão a deteriorar-se", alerta a OCDE, citando a queda dos preços do transporte de contentores entre Xangai e os Estados Unidos, uma consequência direta do impasse entre Pequim e Washington.

Esta preocupação é ainda maior tendo em conta que "os Estados Unidos constituem um importante mercado de exportação para vários países", explica a instituição sediada em Paris, enumerando: "aproximadamente 75% das exportações de bens do México e do Canadá, 19% do Japão, 13% da China e 10% da Alemanha". A taxa efetiva das tarifas norte-americanas sobre os bens importados aumentou em maio, segundo a OCDE, de 2% para 15,4%, "o nível mais elevado desde 1938".