Nos últimos anos, as empresas têm enfrentado uma sucessão constante de desafios. Entre eles contam-se a pandemia e os consequentes confinamentos, as disrupções nas cadeias de abastecimento, a escassez de mão de obra, as emergências climáticas, os conflitos geopolíticos, a instabilidade nos mercados energéticos, a inflação e o aumento das taxas de juro. Cada uma destas crises obrigou as empresas a adaptarem-se e a desenvolverem novas formas de operar, simplesmente para sobreviverem.
Num mundo cada vez mais acelerado, a adoção de tecnologias tem sido uma pedra basilar para as empresas alcançarem os níveis de resiliência necessários para manterem as suas atividades. No entanto, avançar rapidamente para a transformação digital levou muitos a tropeçarem. As empresas nem sempre obtêm os resultados esperados com os seus investimentos digitais, ou então estes demoram mais tempo a acontecer do que o inicialmente previsto. Esta situação tem sobretudo que ver com dificuldades na migração dos dados para a cloud, com a gestão dos custos, com a dívida técnica acumulada, com a resistência à mudança e/ou com o cumprimento dos quadros legais. Consequentemente, os benefícios advindos das iniciativas digitais continuam a ser difíceis de alcançar.
A era da transformação digital ad hoc terminou. Embora a inflação possa ter atingido o pico em algumas regiões, continua a subir noutras, e as taxas de juro podem vir a descer nalguns mercados ainda antes do final deste ano. De acordo com o CIO survey da Gartner, que incluiu 2.400 participantes, o aumento dos orçamentos de TI mal chega a acompanhar a taxa de inflação e fica bastante aquém dos valores de crescimento previstos para as receitas. Esta realidade obriga os CIOs a extraírem o máximo valor de cada euro investido em tecnologia, daí que uma das principais prioridades das suas funções este ano seja a de fazerem mais com menos.
Atualmente, o maior desafio para as empresas é encontrarem o equilíbrio certo entre o reforço necessário das suas competências digitais para assegurar os níveis de resiliência e competitividade adequados, e garantirem que cada investimento em TI gera resultados de negócio claros e mensuráveis.
As decisões de compra de tecnologia nas empresas deixaram de ser exclusivamente impulsionadas por prioridades isoladas dos departamentos de TI. Agora, têm de estar alinhadas com desafios empresariais mais amplos e com os objetivos estratégicos das suas organizações. Por isso, a verdadeira medida do sucesso destes investimentos passou a residir na sua capacidade de gerarem resultados de negócio tangíveis.
O papel do CIO evoluiu de um modelo centrado na condução da mudança tecnológica, para passar a ser uma função mais estratégica e orientada ao negócio. Segundo o estudo da Gartner, os CIOs (Chief Information Officer) desempenham agora um papel fundamental na definição da estratégia global das suas empresas e na promoção da inovação para além das fronteiras da tecnologia. O seu papel agora é o de assegurarem que as suas organizações alcançam os seus objetivos estratégicos, liderando a transformação e a inovação com impacto mensurável. Os CIOs passaram a ter a responsabilidade de promover a agilidade empresarial, construindo as competências necessárias para antecipar e responder às mudanças nas condições dos mercados e nos comportamentos dos clientes. Para que assim seja, estes responsáveis têm de se transformar em líderes de negócio ágeis e desenvolverem uma grande capacidade de resposta. Por exemplo, as empresas podem acelerar a inovação e reduzir o tempo de comercialização das suas ofertas ao adotarem metodologias ágeis, uma estratégia que os CIOs podem facilitar para impulsionar o crescimento das receitas.
Com a transformação digital e os avanços tecnológicos rápidos, os CIOs enfrentam, além disso, uma pressão crescente para fazerem mais com menos, enquanto asseguram a simplificação das infraestruturas das suas empresas. Durante décadas, a abordagem dominante às infraestruturas tecnológicas assentou num modelo que privilegiava a adição. Satisfaziam-se as novas aplicações, serviços e necessidades de armazenamento de dados adicionando mais hardware e software às arquiteturas existentes, o que levou à criação de ambientes tecnológicos complexos, dispendiosos e ineficientes. Agora, os CIOs têm a missão de inverter esta tendência, simplificando as infraestruturas para tornarem as operações mais ágeis e libertarem recursos.
Com os orçamentos a encolher e a pressão para acelerar a transformação digital a aumentar, os CIOs têm agora de encontrar formas de simplificar a infraestrutura e facilitar o funcionamento eficiente e eficaz das suas empresas que, por seu turno, enfrentam uma concorrência crescente e expectativas dos clientes em constante evolução, o que exige maior capacidade de resposta e de adaptação. A chave para esta simplificação depende de conjugar a consolidação estratégica, a migração para a cloud, a automação e a adoção de soluções tecnológicas escaláveis e rentáveis, como por exemplo o modelo de Network as a Service (NaaS) nas comunicações.
Uma das principais estratégias para simplificar as infraestruturas é consolidar e normalizar os sistemas existentes. Muitas organizações têm um conjunto fragmentado de sistemas legados redundantes e/ou obsoletos. Ao consolidarem-nos e adotarem plataformas standardizadas, os CIOs conseguem reduzir a complexidade e aumentar a eficiência. Outra forma de simplificar as infraestruturas é através da implementação de plataformas NaaS. As soluções de Network-as-a-Service amadureceram ao ponto de poderem hoje ser aproveitadas como uma base sólida para suportar as iniciativas de transformação digital. Esta evolução permite não só impulsionar a inovação, mas também alcançar objetivos fundamentais como a simplificação e o aumento dos níveis de desempenho dos serviços.
Para além das soluções centradas na tecnologia, a sustentabilidade e os compromissos com os critérios ESG (ambientais, sociais e de governação) são hoje uma prioridade para as lideranças de topo das empresas. Os fatores ESG têm cada vez mais peso para os investidores. Prova disso é o facto de mais de 90% das empresas do S&P 500 publicarem atualmente algum tipo de relatório ESG, assinalando a expectativa crescente dos mercados no que diz respeito à transparência e à responsabilidade nestas áreas. Alinhar os investimentos em TI com os objetivos de negócio através de estruturas claras de governação ESG traz benefícios significativos, pelo que os CIOs têm também neste contexto um papel cada vez mais significativo. Segundo o Digital Infrastruture Report da Colt, 71% dos CIOs já têm responsabilidades diretas na definição das estratégias de sustentabilidade das suas empresas ou são mesmo diretamente responsáveis por elas.
Além disso, os CIOs podem recorrer à automação para simplificar a gestão da infraestrutura. As ferramentas de automação podem ser usadas para tarefas como o aprovisionamento dos servidores, a implementação de aplicações e a gestão das configurações das redes. Desta forma, reduz-se a necessidade de intervenção manual, libertando as equipas de TI para que se possam focar em tarefas mais estratégicas para as suas empresas. A automação também ajuda a melhorar a consistência e a reduzir erros.
Ao longo deste ano estamos a ver o papel dos CIOs evoluir significativamente para além da simples gestão dos sistemas. Estes responsáveis são agora visionários estratégicos, motores da inovação, guardiões da integridade dos dados e líderes inspiradores de pessoas. Ao moldarem proactivamente o panorama tecnológico, construírem parcerias colaborativas em toda a organização e liderarem a inovação, os CIOs tornaram-se cruciais para o crescimento e para o sucesso das suas empresas.
Simplificar a infraestrutura não é apenas uma medida de redução de custos. É um imperativo estratégico que permite às empresas serem mais ágeis, mais inovadoras e mais competitivas nos mercados cada vez mais dinâmicos dos nossos dias. Ao adotarem estas estratégias, os CIOs estão a transformar as suas empresas, gerando valor de negócio e viabilizando um crescimento sustentável, mesmo em condições económicas tão desafiantes como aquelas que estamos a viver.
Claire Limbert,
VP Professional Services and Business Operations, Colt Technology Services