A emissão de eurobonds moçambicana, reestruturada em 2019 após o escândalo das dívidas ocultas, custou 40,37 milhões de dólares em juros até Março, segundo dados do Ministério das Finanças do país.

Em causa está a emissão Mozam 2023, no valor de 897,07 milhões de dólares, equivalente a 9,1% do stock da dívida externa do país e que Moçambique começa a devolver a partir de 2028, num processo que se prevê concluir em 2031, liquidando actualmente apenas juros aos credores.

Em todo o ano de 2024, Moçambique pagou 80,75 milhões de dólares de juros desta emissão de eurobonds, quase o dobro face ao ano anterior, quando atingiu pagamentos de 44,87 milhões de dólares, segundo dados anteriores do Ministério das Finanças.

O Governo moçambicano viu-se obrigado a reestruturar a anterior emissão de eurobonds de 2019, no total de 726,5 milhões de dólares e que vencia em 2023, após surgir o escândalo das dívidas ocultas, orçadas em 2,7 mil milhões de dólares, segundo valores apresentados pelo Ministério Público moçambicano, processo que o Estado moçambicano venceu no tribunal de Londres, em julho de 2024.

A operação de reestruturação daquela emissão, que permitiu ao país escapar a um default selectivo no mercado internacional, ficou concluída em 30 de Setembro de 2019, com o aval de mais de 75% dos detentores iniciais de títulos, elevando o valor e atrasando em cinco anos o início da amortização.

A primeira tranche de amortização desta emissão é de 250 milhões de dólares e está prevista para 2028. O stock da dívida pública de Moçambique aumentou 26,2% em cinco anos, fechando 2024 num recorde de 16.238 milhões de dólares, segundo dados anteriores do Ministério das Finanças, avançados pela Lusa.