
Nasceu da identificação de uma tendência crescente no mercado do sono e da necessidade de centralizar ofertas dispersas, para simplificar a escolha de produtos como colchões, promovendo qualidade e clareza na comunicação. Fundada por uma equipa que já se experimentou noutras áreas de negócio, incluindo o jornal Destak, a Dreamura vai buscar inspiração a um dos países que mais a sério levam o sono, o Japão, aposta no digital e em IA para personalizar a experiência do cliente. O projeto conseguiu financiamento europeu para apoiar o seu modelo inovador e, com um investimento de 1 milhão de euros, o objetivo é escalar internacionalmente a dois anos, confiando a execução dos produtos à indústria nacional e a artesãos portugueses. Em entrevista ao SAPO, Gonçalo Madeira Silva, Bussiness Development Director da Dreamura, explica o projeto e onde quer chegar.
Quem são os empreendedores por trás da Dreamura?
Estamos a falar de uma equipa com experiência em montar negócios e que acredita muito no potencial da Dreamura. Pessoas que já estiveram envolvidas em outros negócios, inclusivamente na área de media, onde foram também inovadoras quando, no início dos anos 2000, se aventuraram no lançamento do Destak, o primeiro diário gratuito na altura em Portugal.
E de onde surgiu a ideia da Dreamura?
Como qualquer negócio, a Dreamura resulta de uma ideia e de uma necessidade. O que identificámos é que existe uma tendência de crescimento em tudo o que são produtos relacionados com o sono e descanso e que as respetivas ofertas acabam por estar espartilhadas em diversos tipos de retalho. Acreditamos que existe um consumidor cada vez mais interessado nesta temática e que quer descobrir o que existe, as novidades e o que é mais adequado para o consumidor. Queremos muito posicionar a Dreamura como uma marca de qualidade, com produtos de qualidade que assegurem que o cliente preenche a sua necessidade específica.
A economia do sono já é muito relevante? Que valor mexe a nível europeu e que objetivos tem a Dreamura neste mercado?
Economia do sono está a nascer. É inegável que todos nós temos preocupações cada vez maiores de bem-estar e o descanso e o sono são uma parte muito importante dessa equação. As necessidades mudam e a especificidade e exigência dos produtos também. Começámos com uma gama de produtos mais clássicos, desde colchões, camas, almofadas, etc., mas temos um plano ambicioso de cruzar outras categorias de produtos em que o denominador comum seja o sono. Não existem ainda valores a nível europeu desta economia, mas todos os indicadores são animadores em relação ao crescimento esperado. Se pensarmos, por exemplo, num colchão, a vida útil do mesmo em termos médios na Europa é de sete anos. Em Portugal, em média, trocamos ainda de colchão de 12 em 12 anos. Em França já se troca de colchão a cada três. A tecnologia associada ao produto evolui em 12 anos e isso tem impacto na qualidade do sono. Nós nascemos 100% digitais e com enorme ambição internacional. E estamos a fazer a prova de conceito para poder escalar rapidamente.
Como é que preveem captar clientes?
Pretendemos captar clientes apresentando os nossos produtos, explicando os seus benefícios e falando claro para o consumidor. Tem de deixar de ser um pesadelo escolher um colchão. Existe uma enorme assimetria de informação entre quem vende e quem compra e estamos aqui para ajudar a descodificar os benefícios de produtos de sono.
O que fez a empresa procurar fundos europeus?
É um exercício complexo garantir o financiamento de um projeto desta natureza. Os canais mais clássicos de financiamento olham para negócios digitais de forma a fazer uma avaliação com óticas de indústria tradicional, uma perspetiva que dificulta bastante o acesso a canais mais convencionais de financiamento. Nós na Dreamura acreditamos muito no canal digital e estamos a desenvolver uma série de iniciativas na plataforma que permitam tirar o máximo partido de ferramentas como a Inteligência Artificial e Desenvolvimento Digital do negócio. Este apoio de fundos europeus que concretizámos visa essencialmente negócios digitais como o da Dreamura. Para tal, passámos por um rigoroso exercício de seleção e tivemos a capacidade de convencer esse tipo de interlocutor dos benefícios de estar associado à Dreamura.
E como se materializou o investimento?
Estamos a falar de um investimento que, no período estimado de dois anos, será na ordem de 1 milhão de euros.
Por que é que decidiram optar por esta ligação umbilical à indústria nacional?
Em primeiro lugar, porque temos uma ótima indústria em Portugal e sempre que pudermos queremos parceiros nacionais de qualidade. Em segundo lugar, a nossa proposta de valor em termos de comunicação reside em promover ao máximo o binómio da indústria nacional com inspiração nipónica. Todos os nossos produtos têm um nome japonês associado a descanso, uma forma através do qual tentamos reforçar a nossa proposta de valor, explicando ao consumidor porque aquele nome foi escolhido e reforçando sempre o benéfico associado.
Quem são os fornecedores/artesãos e como conseguem garantir produção em quantidade?
Estamos a trabalhar exclusivamente com indústria nacional que varia consoante o tipo de produto. Temos uma equipa que identifica uma necessidade de sono, que procura uma solução e que vai para o terreno encontrar o parceiro ideal para tirarmos o produto do papel e preparar o seu lançamento. Valorizamos sem reservas a indústria nacional e queremos crescer com o seu apoio. Existem inúmeros casos de produtos de qualidade cuja produção é feita em locais perdidos no mapa e tem impacto na economia local ter parceiros como a Dreamura.
Não são apenas particulares, vocês também fazem colchões e outros produtos ligados ao sono para a hotelaria, por exemplo. Quais são os maiores clientes em volume de negócios: particulares ou empresas?
Está tudo a nascer, a nossa prioridade neste momento é investir na marca, posicionar bem o produto e ser capaz de explicar de forma clara ao consumidor qual a nossa proposta de valor.
Como é que a digitalização, IA e robotização impactam uma empresa que se dedica ao sono?
Temos um conjunto de iniciativas que estamos a preparar, mas o essencial é conseguir perceber o tipo de cliente, estudar as suas necessidades e oferecer produtos que vão de encontro a essas necessidades. Algumas das iniciativas tem a ver com otimização de recursos, como por exemplo o apoio ao cliente através de um bot de inteligência artificial, outras iniciativas têm mais que ver com o que conseguimos prever e sugerir ao cliente os produtos adequados, baseados na informação que temos do mesmo. Estamos muito entusiasmados com este novo projeto e queremos conseguir transmitir essa boa energia a todos que nos quiserem visitar.