
André Ventura invocou a pertença ao PSD do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, depois de o líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares, ter relacionado a moção de censura ao executivo de Luís Montenegro com uma tentativa de desviar atenções do caso que envolve Miguel Arruda, deputado eleito pelo Chega nos Açores e que está acusado de oito crimes de furto qualificado.
"Senhor deputado Hugo Soares, há uma grande diferença entre PSD e Chega. Se eu olhar para trás, aqui no parlamento, já não vejo na nossa bancada o deputado Miguel Arruda. Se vocês no PSD olharem para trás, ainda têm Miguel Albuquerque no vosso partido", alegou.
André Ventura, na sua segunda intervenção em plenário, começou por sustentar que o primeiro-ministro usou os gritos para responder às dúvidas sobre a sua empresa familiar -- a questão que está na base da moção de censura do Chega ao Governo.
"Mas o primeiro-ministro que não julgue que é por gritar muito que não dá os esclarecimentos ao país. No PSD podem articular estratégias, podem usar o slogan do dualismo entre populismo e da competência, mas não sairemos daqui sem darem as respostas que têm que dar a Portugal", advertiu.
Já na parte em que respondeu à intervenção de Hugo Soares, que antes o tinha questionado sobre quantos deputados do Chega tinham ligações ao ramo imobiliário, André Ventura escudou-se no argumento de que nada sabe de imobiliárias.
A seguir, voltou a visar o primeiro-ministro: "Devemos exigir que as bancadas e os partidos tenham o mesmo nível de transparência que aqui exigimos hoje".
"O primeiro-ministro não veio aqui fazer nenhum freto ao país. O primeiro-ministro estava era para se esconder atrás de um sistema que há 50 anos permite que ele se esconda - e nós não o permitimos", sustentou.
Ao contrário da questão do imobiliário, André Ventura já respondeu ao líder parlamentar do PSD sobre o facto de um deputado da sua bancada, veterinário de profissão, ter defendido num debate em plenário a redução do IVA no tratamento de animais.
"Estamos perante o caso de uma imobiliária, de ajustes diretos entre sócios no trabalho público. Isso compara-se com quem, sendo veterinário, quis dar mais qualidade aos animais aos tratamentos? Hugo Soares está a comparar o caso de um autarca em funções que vai buscar um antigo sócio para lhe dar negócios e lhe dar dinheiro com um veterinário que quer baixar o IVA da veterinária? Mas no PSD estão a brincar com quem?", perguntou.
O presidente do Chega criticou ainda Hugo Soares por ter aprovado, no âmbito do Orçamento, o fim do corte nos vencimentos dos titulares de cargos políticos.
"Isso é que é conflito de interesses, quando os deputados aprovarem o seu próprio aumento", acrescentou.
PMF // JPS
Lusa/Fim