Embora 1,73 mil milhões de dólares (1,68 mil milhões de euros) tenham entrado no Brasil em dezembro através de transações comerciais, os investidores retiraram 26,04 mil milhões de dólares (25,35 mil milhões de euros) do país em recursos que estavam na bolsa de valores ou aplicados em títulos financeiros ou referentes a lucros e dividendos que multinacionais enviaram para as suas empresas-mãe, segundo dados divulgados na quinta-feira pelo banco emissor.

A fuga de dezembro é atribuída por operadores às dúvidas dos investidores sobre a capacidade do Governo de Lula da Silva de reduzir o grande défice fiscal do país, o que fez com que o real acumulasse uma depreciação de 27,35% em relação ao dólar em 2024, a maior queda desde 2020.

Com a elevada saída de moeda estrangeira em dezembro, o Brasil fechou 2024 com um saldo de 15,92 mil milhões de dólares (15,5 mil milhões de euros), o terceiro maior para um ano na sua história.

O resultado anual negativo em 2024 só foi menor do que os registados em 2019 e 2020.

A depreciação de 27,35% do real em 2024 foi a maior desde 2020 (-29,33%), quando a moeda sentiu os efeitos negativos da pandemia.

Mas a maior parte dessa desvalorização ocorreu em novembro e dezembro, diante das dúvidas dos investidores sobre a política fiscal de Lula da Silva, que obrigou o Banco Central a leiloar quase 33 mil milhões de dólares (32,13 mil milhões de euros) das suas reservas no mercado nas duas últimas semanas do ano, na tentativa de estancar a perda de valor da moeda.

Desde que tomou posse para o terceiro mandato, em janeiro de 2022, Lula da Silva tem prometido reduzir o défice fiscal primário do Brasil para zero e até agora não conseguiu.

No final de dezembro de 2024, o Congresso aprovou um conjunto de medidas de ajustamento fiscal apresentadas pelo Governo, com as quais o Ministério das Finanças pretende atingir um défice zero em dois anos, mas os investidores consideraram-nas insuficientes.

 

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