
O Bison Bank, banco português especializado em serviços de gestão de património e de banca de investimento, apresentou esta manhã os resultados referentes a 2024, nos quais, a palavra de ordem é crescimento. A instituição nasceu do antigo Banif Banco de Investimento comprado em 2018 pela Bison Financial Group, de Hong Kong. Em entrevista à Forbes Portugal, o CEO do Bison Bank, António Henriques, explica os fatores que ajudaram a atingir este desempenho positivo no ano passado, em que, quase quadruplicou os resultados líquidos, passando dos cerca de 640 mil euros de 2023 para 2,5 milhões de euros. António Henriques salientou ainda que o número de clientes cresceu em 2024 par 4.300, sendo que no primeiro trimestre já ultrapassou os cinco mil.
Pelo que foi divulgado, 2024 foi um ano de feição para a vossa atividade. Quais são os principais pontos que se pode destacar de 2024 para o Bison Bank?
Há dois pontos principais. O primeiro, o facto de o Bison Bank, do ponto de vista individual, ter quase quadruplicado os seus resultados líquidos, passando para 2,5 milhões de euros de resultado positivo. E o segundo facto que penso que é relevante foi o break-even da Bison Digital Assets, dois anos depois do seu início de atividade.
Quais os fatores que contribuíram para este desempenho positivo?
O Bison Bank é um banco que não tem crédito, portanto é um banco muito fundamentado nas comissões que recebe dos seus clientes e apare com isto também margem financeira que resulta, enfim, da aplicação também do dinheiro que consegue capturar também dos seus clientes. Estas duas dimensões correspondem 100% do produto bancário do banco, sendo que a margem hoje tem ainda um peso de cerca de 63% do produto bancário, portanto estamos a falar de cerca de 7,6 milhões de euros, enfim, dentro daquilo que é o produto bancário global de cerca de 12,1 milhões de euros. E o remanescente são comissões bancárias recebidas dos nossos clientes que representam cerca de 4,6 milhões de euros. Portanto estes são os dois principais contribuidores para o produto bancário e naturalmente que este resultado é possível muito por força do crescimento do número de clientes que temos tido anualmente, mas em 2024 também em particular tendo no final de 2024 atingido um pouco mais de 4.300 clientes e à data de hoje, por exemplo, já ultrapassámos os cinco mil clientes.
Portanto 2025 também já começou de feição para a atividade do Bison Bnk?
O primeiro trimestre foi bastante positivo, em linha com o último trimestre de 2024. Na verdade, no primeiro trimestre já ultrapassámos um milhão de euros de resultados líquidos e obviamente estamos, com expectativas bastante elevadas, não obstante naturalmente termos de lidar e gerir com prudência o contexto internacional que hoje estamos a viver.
Para este crescimento para 4.300 clientes, quais é que têm sido as nacionalidades que mais procuram os vossos serviços?
Temos clientes de mais de 100 países diferentes, mas naturalmente o nosso top 5 passa pelos Estados Unidos, Turquia, Brasil e Ásia e depois também Portugal sendo um grande contribuidor de clientes de poupança para o Bison Bank. Mas o primeiro lugar é claramente os Estados Unidos da América.
Referiu o contexto geopolítico que vivemos com todas as incertezas. Do vosso ponto de vista e para a vossa atividade, é uma ameaça ou estão mais ou menos imunes?
Na verdade, penso que hoje ninguém consegue dizer que está totalmente imune a riscos políticos iguais aos que estamos a viver. É muito difícil ao nível de certeza, nunca antes visto. Os Estados Unidos que até hoje eram um pouco o farol da economia mundial e também o bastião da democracia como alguém escrevia recentemente num jornal, deixa de o ser com tudo o que está a acontecer. E isso na verdade traz um conjunto de certezas muito forte, impossíveis de mitigar do ponto de vista da gestão global de riscos, mas nesse ponto, o Bison Bank tem uma gestão do seu balanço também muito prudente. A dívida americana não é material no nosso balanço, portanto até hoje com impacto negativo muito imaterial. A forma como nós aplicamos o nosso dinheiro é também dentro de um espectro de risco muito, muito, muito baixo e acreditamos que naquilo que respeita a impactos diretos ou indiretos no Bison Bank sejam muito próximos de zero, mas na verdade, tal como me referia anteriormente, devido ao elevado nível de incerteza hoje é impossível prever que seja sempre assim até ao fim.
Em termos da solvabilidade e de todas as regras que são impostas para que um banco esteja de boa saúde, qual o posicionamento do Bison bank?
O Bison Bank é um dos bancos mais bem capitalizados em Portugal, sem qualquer problema do lado dos rácios de capital ou de liquidez ou até de RWA’s [Risk-Weighted Asset]. Estamos muito confortáveis com o que temos hoje e com de alguma forma a bolsa que persiste para podermos usar também num cenário de maior dificuldade ou complexidade e temos um nível de conforto muito, muito grande.
Referiu também o Bison Digital Assets e que foi um dos contribuintes para este desempenho de 2024. Nesta fase, que serviços é que têm mais procura e como irá evoluir ao longo dos anos?
O Bison Digital Assets presta serviços de troca de criptoativos, troca e custódia, compra e venda de ativos virtuais e é nessa linha que nós estamos a desenvolver o negócio. O contributo foi positivo, não muito, muito positivo, mas atingimos resultados positivos pela primeira vez no final de 2024 o que transportou o próprio banco, do ponto de vista consolidado, com resultado ligeiramente superior ao seu resultado individual. A área e a Bison Digital Assets que é subsidiária onde nós trabalhamos criptoativos tem dois anos, portanto é uma empresa muito recente, mas ela é altamente estratégica para o contexto do Bison Bank, enfim, por variadíssimos motivos, mas talvez o principal é que existem poucos bancos no mundo ainda a oferecer criptoativos aos seus clientes e essa característica tem sido uma das características que nós temos de facto, ou que tem permitido ao Bison Bank materializar a sua marca fora de Portugal e ajudar-nos também a ser muito mais conhecidos fora de Portugal.
Em termos da estratégia de futuro, o que é que a casa-mãe vos pede, e como olha para a atividade da filial portuguesa?
O nosso plano de negócio executa um plano de negócio que é feito em conjunto com o nosso acionista e com a nossa casa-mãe, portanto nós de alguma forma transpomos para a realidade aquilo que é a visão estratégica do nosso acionista. Os criptoativos fazem parte dessa visão, esta dimensão mais internacional do Bison Bank de ser cada vez mais um banco não só de portugueses é também uma visão muito estratégica. E sermos também cada vez mais um private banking e menos um banco de investimento é também uma visão estratégica do nosso acionista. Portanto, o que eu posso dizer sobre isso é que estamos muito alinhados com aquilo que a nossa casa-mãe nos pede. O nosso objetivo também quanto gestores do banco é executá-lo com sucesso.
A operação portuguesa, em termos de plano de expansão do próprio banco, poderá vir a ter algum papel?
Recordando um pouco da história do Bison Bank, ele é adquirido por este acionista em 2018 numa altura também de alguma convulsão dos mercados financeiros por força das taxas de juros negativas e também por força do próprio antigo Banif Banco de Investimento, que é o que dá origem ao Bison Bank e que de alguma forma traz em 2018 um banco com alguns problemas de negócio. Portanto, basicamente, com a perda da sua casa-mãe o Banif Banco de Investimento perdeu também o seu modelo de negócio em Portugal. Em 2018 o que nós fizemos foi repensar o modelo de negócio do banco e voltar a construir um banco em cima de um projeto que já não era o projeto antigo, que foi praticamente começar um banco do zero. Hoje estamos a apresentar contas de 2024, na verdade passaram seis anos e pouco desde o início deste projeto e nós estamos a crescer muito, estamos com resultados já muito bons e a melhorar a cada ano, mas continuamos em cima de um modelo de negócio que continua a ser testado e a ser trabalhado por nós com alguma prudência até que possamos afirmar que ele é sustentável e totalmente sólido e que não cause no futuro qualquer dissabor. Enquanto estivermos neste ambiente de projeto, de alguma forma se pode dizer que continuamos num ambiente de projeto, eu diria que a nossa estratégia passa exclusivamente por continuar a desenvolver banca a partir de Portugal para o mundo. Naturalmente que se continuarmos a performar da forma que estamos a performar e a conseguir executar com sucesso o plano de negócio que temos aprovado com a nossa acionista, eu penso que será com grande naturalidade, daqui a alguns anos, o banco pense em operar em geografias diferentes.
A vossa atividade está de alguma forma a remar contra a maré perante estes resultados e com a perspetiva de 2025 de também continuar a correr da melhor forma?
Sim, quer dizer, depende de qual é a maré a que se refere, porque de facto 2024 foi um ano muito bom para toda a banca mundial e em particular para a banca portuguesa. E aí não rumámos contra a maré, rumámos na mesma maré e usando também, ou beneficiando também da mesma conjuntura que todos os bancos. Estamos em 2025, há uma expectativa diferente para 2025 também por parte do setor bancário como um todo, portanto a maior parte dos bancos acredita que 2025 não vai ser um ano tão bom como 2024. Nesse sentido posso concordar com a sua afirmação que, enfim, nós no Bison Bank contamos fazer um ano melhor que 2024, mas eu diria que é uma maré pequenina. Porque o Bison Bank é um banco ainda pequeno e numa curva de crescimento bastante acentuada quando os outros bancos em Portugal já estão numa fase muito mais madura do seu ciclo de vida.
Em termos de produtos que ainda não estejam a ser desenvolvidos, há outras áreas em que possam apresentar aos vossos clientes?
Nós queremos ser muito bons na oferta de produtos portugueses e aí acho que estamos a oferecer muito bem. O ano passado também iniciámos uma parceria com a UCI, que é um banco espanhol, para oferecer crédito à habitação aos nossos clientes, que também está a resultar bastante bem. Não antevemos que para este ano possamos trazer produtos muito inovadores do ponto de vista da sua conceção, mas queremos continuar a trazer alternativas de produtos portugueses para os nossos clientes.
Em termos de colaboradores, são quantas pessoas que estão afetas aqui à operação?
Temos este ano mais de 90 colaboradores. Felizmente, todos os meses temos tido mais colaboradores e estamos num ciclo muito positivo com o número de clientes a crescer, como eu disse, no final de 2024 fechámos com mais de 4.300, à data de hoje já temos mais de cinco mil, portanto estamos mesmo a crescer muito e obviamente que é um banco que em 2018 tinha 50 colaboradores, precisa de ir ajustando a sua estrutura também em função do crescimento acelerado de negócio. Em 2023 o Bison Bank atingiu o break-even pela primeira vez, tendo antecipado em cerca de um ano o break-even no seu plano de negócio e isso está a transportar também para dentro do banco um nível de transacionalidade muito grande e essa transacionalidade obriga-nos a reforçar muito o quadro de pessoas. Portanto contamos continuar a crescer o número de clientes, mas naturalmente já não contamos duplicar os 90 tão rapidamente como aconteceu nos últimos seis anos que duplicámos praticamente os 50 que tínhamos em 2018.