O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou um abrandamento da atividade económica na zona euro, bem como uma deterioração da confiança dos consumidores. Em dois artigos incluídos no Boletim Económico divulgado nesta quinta-feira, os especialistas do BCE referem que “a confiança dos consumidores mantém-se em terreno negativo em 2025”. O índice de confiança agregada dos consumidores melhorou ligeiramente no segundo semestre de 2024, mas registou uma queda em abril, com uma ligeira subida em maio. Estas oscilações “evidenciam a natureza evolutiva do sentimento dos consumidores face às alterações nas condições económicas”.

Na vertente empresarial, a instituição liderada por Christine Lagarde questionou 72 empresas não financeiras líderes que operam na zona euro. A abordagem teve lugar entre 23 de junho e 2 de julho de 2025, antes da celebração do acordo entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, no passado dia 27 de julho, que definiu uma tarifa de 15% para cerca de 70% dos produtos que a Europa exporta para os EUA e que entra hoje em vigor.

Esses contactos reportaram uma desaceleração da atividade nos últimos meses, uma vez que as tarifas, as tensões geopolíticas e a incerteza daí decorrente afetaram a confiança das empresas e dos consumidores. As respostas obtidas foram consistentes com um crescimento muito modesto tanto no segundo como no terceiro trimestres. Embora as encomendas industriais tenham vindo a recuperar nos primeiros meses do ano, muitas empresas indicaram uma perda de dinamismo algures durante o segundo trimestre. O crescimento nos serviços também aparenta ter abrandado.

No setor da indústria transformadora, o início positivo do ano parece não se ter sustentado. Embora os relatos tenham variado, muitas empresas afirmaram ter ficado positivamente surpreendidas com os desenvolvimentos dos primeiros meses do ano, mas referiram que os pedidos começaram a abrandar no segundo trimestre. Este padrão de procura foi mais frequentemente descrito no setor dos bens intermédios, bem como por alguns produtores de bens de equipamento e de bens de consumo duradouros.

Os relatórios sobre os gastos dos consumidores e a atividade nos serviços também apontaram para alguma perda de dinamismo. Os setores dos bens de consumo e do retalho descreveram a atividade como relativamente estável, de forma geral. No entanto, os fabricantes de eletrónica de consumo e de electrodomésticos, que anteriormente se tinham mostrado mais optimistas, reportaram agora uma desaceleração ou queda na atividade. Os retalhistas de vestuário e de outros bens de uso pessoal também descreveram gastos persistentemente fracos. Os retalhistas alimentares e os seus fornecedores voltaram a salientar que a sensibilidade ao preço por parte dos consumidores se manteve muito elevada, com uma tendência decrescente. No setor dos serviços turísticos, os contactos indicaram que o crescimento se estava a moderar, embora continuasse a um nível elevado.