
Os bancos russos estão a pressionar a autoridade de supervisão para reduzir as taxas diretoras. Depois de dois anos em que, apesar da guerra provocada pela invasão da Ucrânia, as instituições financeiras conseguiram apresentar lucros, começam a surgir sinais de aumento do incumprimento no sistema financeiro russo, noticiou nesta quarta-feira o jornal Financial Times.
Segundo o mesmo jornal, os executivos bancários russos têm exercido pressão sobre o banco central e a sua presidente, Elvira Nabiullina, para que reduzam as taxas, citando os desafios enfrentados pelos clientes empresariais — e, em menor escala, pelas famílias — no que diz respeito à obtenção, pagamento e refinanciamento de dívidas a níveis tão elevados.
Em junho, o Banco Central da Rússia reduziu a taxa diretora de 21% para 20% e, no mesmo mês, voltou a cortá-la para 18%. A instituição já sinalizou que pretende continuar a descer as taxas ao longo do resto do ano, com o objetivo de atingir uma taxa de inflação de 4% até 2026.
Um dos bancos sob especial atenção é o Banco de Crédito de Moscovo, que teve três presidentes num período inferior a um ano. Em junho, a Expert RA, a maior agência de notação de crédito da Rússia, indicou que havia uma “alta probabilidade” de o banco vir a receber apoio externo, depois de ter reportado uma queda de 65% nos lucros líquidos no ano passado. No passado, o Banco de Crédito de Moscovo contou com o apoio do grupo estatal de energia Rosneft, que mantém uma relação de longa data com a instituição.
Em declarações após o corte da taxa de juro no mês passado, Elvira Nabiullina afirmou que o banco central “não vê necessidade de recapitalização dos grandes bancos devido a um eventual excesso de créditos incobráveis”. E acrescentou: “A situação real dos empréstimos problemáticos é melhor do que aquilo que, por vezes, se imagina”.