![Angola e Moçambique entre os cinco africanos mais expostos a choques económicos](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
"Os países mais expostos a choques económicos através do seu comércio global e níveis de dívida são Moçambique, Zâmbia, Angola, Sudão do Sul e República do Congo", lê-se no relatório de 2024 sobre o Desenvolvimento Económico em África, elaborado pela agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
No documento, apresentado esta manhã em Abidjan pela secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan, e pelo ministro do Comércio, da Indústria e da Promoção das Pequenas e Médias Empresas (PME) da Costa do Marfim, Souleymane Diarrassouba, aponta-se que "a inflação mais elevada, como o mundo registou em 2022, aumenta inevitavelmente o espetro de taxas de juro mais elevadas, o que podem criar um choque nos países com um elevado peso da dívida, aumentando o custo de servir a dívida".
Na parte do relatório que aborda o impacto dos choques cambiais e das taxas de juro a nível global nas economias dos países africanos, a UNCTAD escreve que "grandes montantes de endividamento externo podem colocar um fardo insustentável nos países se o seu crescimento económico não permitir uma receita fiscal suficientemente grande para servir a dívida e ou se as suas exportações e movimentos cambiais mudarem de forma negativa, tornando o serviço da dívida mais difícil".
Em 2023, quase metade dos países africanos tinham um rácio da dívida face ao PIB superior a 60%, o que colocou a possibilidade de incumprimentos financeiros ('defaults', no original em inglês) devido à falta de margem orçamental para investir no desenvolvimento das economias.
"Devido a disrupções na cadeia de oferta global, a uma inflação mais elevada e aos custos de endividamento a nível mundial, muitos países em África estão a enfrentar a possibilidade de 'defaults', registando elevados rácios da dívida face ao PIB", lê-se no relatório, em que se conclui: "Torna-se claro que os países com maior concentração de exportações e dívida governamental mais profunda vão estar particularmente expostos aos choques económicos que caraterizam esta 'policrise'".
Na conferência de imprensa, a secretária-geral da UNCTAD tentou mostrar uma imagem positiva, defendendo que apesar dos riscos e dos desafios atuais do continente africano, a mensagem é de esperança.
"Olhamos para África na perspetiva do seu enorme potencial, porque acreditamos no futuro de África; os desafios são reais, mas colocamos o nosso ênfase nas oportunidades, desde que haja políticas e parcerias adequadas", disse Rebeca Grynspan, reconhecendo que o aumento do custo da dívida "não quer dizer que a dívida tenha subido, mas sim que o custo de servir a dívida aumentou, afetando a perceção sobre a sustentabilidade financeira dos países".
MBA // VM
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