André Villas-Boas já foi treinador e, agora que é presidente, mantém o conhecimento adquirido nas anteriores funções no futebol, pelo que foi com alguma facilidade que conseguiu descodificar Martín Anselmi, justificando também a aposta nele feita.

"Bem, provocadores são os treinadores que lançam ideias diferentes no jogo. Sabe, o jogo passou, por exemplo, da marcação homem a homem nos anos setenta, oitenta e noventa, e depois, gradualmente, com Arrigo Sacchi, mudou para a marcação zonal através do método Bielsa e do método De Zerbi, de certa forma, voltando novamente à marcação homem a homem. Isto significa que, para jogar a esse nível, é preciso ser muito intenso fisicamente, porque é preciso perseguir pessoas durante x metros e x tempo. Portanto, há pessoas que pensam no jogo e querem introduzir novas ideias no jogo. Temos esse tipo de treinador neste momento no FC Porto, com Anselmi. Ele é esse tipo de treinador, um treinador provocador, que pensa no jogo, pensa em soluções diferentes para o jogo", começou por afirmar Villas-Boas no podcast 'Men in Blazers'.

E prosseguiu com referências ao atual treinador dos dragões: "O jogo normalmente não vai... Por vezes, para nós, treinadores de futebol, quando vemos que o jogo nos escapa das mãos é quando nos tornamos, sabe... um louco no banco, mas está a pensar: 'Porque é que o adversário ganhou força e eu perdi-a? E qual é o impacto que isso está a ter no meu jogo e como é que tenho de o ajustar?' Então Anselmi é esse tipo de treinador e estamos muito contentes por tê-lo connosco, pois ele está a tentar incutir essas ideias provocadoras no jogo."

Questionado sobre o que procura num treinador, Villas-Boas foi taxativo:  "Bem, o que para nós é importante é também o desenvolvimento dos jovens e a forma como se consegue desenvolver os jogadores. Portanto, Martín [Anselmi] tem uma história muito boa no Independiente del Valle, tanto como assistente quanto como treinador princinpal. Por isso, é conhecido por trazer talentos da juventude e desenvolvê-los. Por isso, é preciso olhar para os níveis dos jovens e trazê-los para a equipa."

E, mais uma vez, Rodrigo Mora voltou a ser tema: "É um exemplo de como ele explodiu com ele. Claro que não foi o primeiro a lançá-lo em campo, foi o nosso anterior treinador, Vítor Bruno. Mas Rodrigo destacou-se com Anselmi. Por isso, está a usufruir, por exemplo, desse tipo de liberdade e criatividade e está a marcar golos como o Gareth Bale fez para mim no Tottenham. E Martin tem esse tipo de sentimento em relação aos jogadores, de cultivar o talento, de desenvolver o talento. Por isso, esta é uma das coisas mais importantes para nós, a provocação do jogo também. É claro que é da nossa responsabilidade, enquanto presidente, dar-lhe também os instrumentos necessários para ser bem sucedido."

Passando à interferência do plano financeiro, o presidente dos dragões não poderia ter sido mais claro. "O FC Porto passou por uma fase muito difícil do ponto de vista financeiro, em que foi necessário reestruturar toda a estrutura do clube. Estávamos numa situação muito, muito sensível, à beira de uma falência total. Conseguimos resolver isso. Mas tivemos de resolver esse problema também através da venda de jogadores. Vendemos 200 milhões de euros em jogadores de futebol em 12 meses. E, na realidade, agora estamos numa posição em que podemos investir na equipa e dar ao Martin as ferramentas para que ele tenha sucesso no FC Porto, que é ganhar a liga. E para satisfazer as expectativas de todas estas pessoas que querem o título de volta e é isto que eles querem ter nas suas mãos", sublinhou.

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