
Tem apenas 12 anos mas já uma verdadeira veterana da Festa do Basquetebol. Clara Ramos Magalhães cumpre este ano a terceira presença consecutiva no torneio que junta os melhores atletas Sub-16 e Sub-14 do plano nacional em Albufeira, no Algarve, e, apesar de estar inicialmente reservada na presença do pai - que se viu 'obrigado' a sair do raio de vista da filha - durante a entrevista a Record, foi com alguma naturalidade que atleta dos Sub-14 da AB Castelo Branco nos contou como tem sido esta experiência com o basquetebol que, curiosamente, não foi o primeiro desporto que experimentou.
"Eu fazia ginástica, mas prefiro o basquetebol porque gosto mais de correr", confessa, entre risos, assumindo ter trocado de desporto porque sentia que não tinha "muito jeito" para a ginástica. Contudo, a escolha pelo basquetebol contou com uma influência familiar. E tudo se proporcionou devido aos irmãos, sobretudo a mais velha, Marta, que também foi atleta na Festa do Basquetebol, assim como Henrique.
"Foram os meus irmãos que me influenciaram. Eu andava na ginástica e um dia a minha mãe disse-me que eu tinha que decidir entre a ginástica e o basquetebol porque eu andava nos dois. Foi então que eu escolhi o basquetebol, também porque os meus irmãos me disseram que preferiam e que gostavam mais de basquetebol", confessa ao nosso jornal, esquecendo por momentos o resultado do primeiro jogo (derrota com a associação dos Açores, por 83-28).
Habituada já ao ambiente da competição, até porque regularmente acompanhava os dois irmãos sempre que eram convocados para a Festa do Basquetebol, Clara revela que estar no torneio como atleta é um sentimento diferente. "Antes de ser atleta também gostava muito, mas agora gosto ainda mais porque estou a jogar", conta, recordando Marta e Henrique, as suas inspirações: "A minha irmã jogava na antiga Divisão A, quando os jogos eram muito renhidos, mas agora já é sénior. Já o meu irmão agora é Sub-18 de primeiro ano. Este não não puderam vir", lamenta.
Ao contrário das edições anteriores, este ano a Festa do Basquetebol não contou com a habitual viagem de comboio que transportava as comitivas até Albufeira. O autocarro foi a alternativa que muitas delegações arranjaram e, apesar de a viagem ter sido "divertida", Clara confessa que gostava mais do ambiente que se sentia no comboio, até porque "dava para correr, estar com mais amigos."
Com um 'timing' absolutamente perfeito, o pai de Clara regressou ao local onde Record conversava com a pequena Clara, não sabendo que também ele viria a ser protagonista. Antes de ouvir a primeira pergunta que tínhamos preparada, Sérgio Magalhães (e não, não é engano) recordou-nos uma entrevista que Clara já tinha dado ao nosso jornal em 2023, onde na altura foi tema de destaque devido ao facto de ser a mais jovem na competição, para além de ter o irmão Henrique ainda na equipa dos Sub-16.
"Ontem estava com a minha mulher e estavámos a brincar que para ela [Clara] é a terceira Festa [do Basquetebol], mas para nós já é a nona. A Marta veio no segundo ano de Mini12, tinha 11 anos, o irmão 'apanhou' os dois anos de pandemia, e veio em 2023, quando o Record também nos fez uma entrevista, e agora estamos aqui novamente, em 2025. Portanto, para nós, é uma jornada dedicada ao basquetebol", começou por dizer, sublinhando as palavras da filha: "Não sei se a minha filha disse, mas isto começou com a irmã mais velha. Em casa, tanto eu como a minha mulher, sempre tentámos incutir-lhes o espírito do desporto e incentivámos a praticarem uma atividade física. Eles foram procurando, foram tentando e encontraram. Também entendo que o Desporto Escolar é fundamental para as crianças. E foi precisamente através do Desporto Escolar que a irmã mais velha começou a jogar basquetebol. Depois, essa influência foi para os irmãos. O Henrique jogava futebol e basquetebol, mas depois optou pelo basquetebol. A Clara andava na ginástica e depois, não sei bem com que idade, a mãe certamente que responderia melhor, saiu da ginástica e foi jogar basquetebol. É uma jornada que já tem alguns anos."
Sérgio Magalhães assume que ter três filhos, todos eles de anos diferentes, a competir no basquetebol faz com que acompanhar a modalidade se torne quase num estilo de vida.
"Ontem estava com a minha mulher e estavámos a brincar que para ela [Clara] é a terceira Festa [do Basquetebol], mas para nós já é a nona. Portanto, para nós, é uma jornada dedicada ao basquetebol", sublinha, continuando: "Fazemos tudo isto por eles e com gosto, apesar de o basquetebol consumir, tanto a mim como à minha mulher, 50% das nossas férias, entre jogos, estágios e outras coisas que também vão acontecendo. Mas decidimos apoiá-los porque acreditamos que, aqui, ganham competências de grupo, coisas boas que podem levar para a vida. Então, acreditamos e fazemos um esforço grande por eles, mesmo aos fins de semana, quando eles têm muitas vezes jogos. Às vezes têm dois, três ou quatro jogos. Tem sido uma vida em função do basquetebol. Mas é uma sensação especial vê-los todos bem. Todos eles jogam basquetebol e gostam. Muitas vezes perguntam-nos o quê que conhecemos e nós, em brincadeira, dizemos que conhecemos muitos pavilhões."
Depois de tantas presenças na Festa do Basquetebol, Sérgio Magalhães só tem elogios a fazer ao torneio e à organização. "Ao nível das modalidades, este é um evento muito muito interessante. O companheirismo e os amigos que levam daqui é muito bom para eles. Tanto eu como a minha mulher conhecemos muita gente por causa desta Festa, dos pavilhões", finaliza.