Se na Choupana o FC Porto não compareceu à primeira parte, em Barcelos, depois de tudo o que se falou nestes dias e na sequência das garantias de Vítor Bruno de que estariam convocados os jogadores que prometiam deixar a pele em campo, aconteceu mais do mesmo. A passividade voltou a ser tremenda no momento sem bola, mas, sobretudo, com ela nos pés, o processo não foi muito mais do que procurar cruzamentos para servir Samu ou quem pela área andasse.

Não estranhou, portanto, que o Gil Vicente, mais uma vez pronto para absorver os ataques portistas, como fez diante do Sporting de João Pereira, com um bloco médio-baixo que também roubava a profundidade e o espaço entre linhas, e convidava o adversário a subir, chegasse ao golo aos 11 minutos. Antes, é verdade, Samu ainda obrigou Sandro Cruz a substituir o guarda-redes Andrew com um alívio em cima da linha. Mas foi só. Os minhotos envolveram então pela esquerda, com Félix Correia a descobrir o talentoso Fujimoto, que em dois toques colocou a bola no lado cego de Otávio, onde apareceu Pablo, filho do antigo avançado portista Pena, a desviar em carrinho para a baliza.

O Gil Vicente continuou a expor a pior face dos dragões. Aos 18 minutos, um lançamento de João Mário acabou em Fujimoto e Pablo voltou a incomodar Otávio. E, aos 29, Félix e Pablo tiveram oportunidade flagrante para o 2-0, sem que nenhum portista conseguisse tirar a bola de perto da pequena área. Incrível. Inexplicável!

A equipa de Vítor Bruno foi somando meias-oportunidades - Samu ao lado (22), Nehuén à figura (26), Samu atrasado ao cruzamento de João Mário (28) -, porém nada que provasse que não tinham sido 45 minutos perdidos. Mais uns. A segunda parte teria de ser muito diferente para que o FC Porto levasse pontos de Barcelos.

O despertador que não o foi

Galeno ficou de forma algo surpreendente no balneário e entrou para o seu lugar Gonçalo Borges. A aposta parecia ter sido certeira, pouco depois, quando o extremo atirou para o empate, depois de uma tentativa de desarme de Cáseres. Caído do céu, podia ser o catalisador para a recuperação dos visitantes, que tinham entrado mais pressionantes e agressivos.

Só que a defesa voltou a falhar. Agora numa bola parada, num canto, Otávio saiu tarde ao movimento de Rúben Fernandes, que desviou para o segundo poste, onde Josué reagiu mais rápido que Namaso e atirou para o 2-1. Cinco minutos depois do empate, foi soco em cheio no estômago portista.

Mexer, mexer e pouco mudar

Restava voltar a correr atrás do resultado. O 4x2x3x1 mudou para 4x4x2 com Gul a entrar para o lugar de Namaso, jogava-se o 64.º minuto. Aos 69, João Mário saiu e entrou Tiago Djaló - que nem foi o terceiro central nem o lateral que o FC Porto precisava -, enquanto Mora também rendia Fábio Vieira. Contudo, o ataque continuava tremendamente confuso. Pior, aos 83, Nico foi expulso por entrada algo infeliz ainda que negligente.

Mesmo assim, o empate ainda se festejou. Novamente por Gonçalo Borges, num tiro à entrada da área. Só que algo tinha ficado para trás, na outra área, onde Otávio derrubara Santi. O VAR recuou até aí, o golo foi anulado e assinalou-se penálti. Félix bateu Diogo Costa e os dragões afundam-se na crise de um ano zero em que não souberam baixar expetativas.