— Esta época, com 10 jogos na Liga Betclic, o Benfica mantém-se invicto. Mas, contando com a temporada passada, até agora ganharam 27 jogos consecutivos. Não perdem desde 20 de janeiro de 2024. Como está o espírito do grupo com tantas vitórias seguidas?

— Penso que, em muitos aspectos, isso demonstra a convicção da equipa. Temos muitos jogadores nesta formação que estão no Benfica há muito. Sinto que já cá estou há algum, mas, sinceramente, ainda sou relativamente novo no grupo. Temos vários novos americanos e outros jogadores, mas eu sou de uma segunda vaga de novos basquetebolistas. Juntei-me a algo que já era muito bom. Percebi logo que era uma coisa boa e isso reflete-se nas vitórias. Mas, acima de tudo, é uma família. Desde que estou cá, sinto-me bem-vindo pelos adeptos e pela equipa. Esse espírito de que fala é como se lutássemos pelo nosso irmão e o puséssemos à frente de nós próprios. É isso que é mais importante na nossa equipa.

Creio que continuamos a ser um grupo com fome e sabemos como as coisas podem mudar rapidamente. Especialmente no Benfica, espera-se que se ganhe todos os jogos, por isso, há sempre esta ideia de que se perdermos é muito, muito mau.

— E quando vão para o próximo encontro, pensam que não perderam os últimos 27?

— Nada disso. Para ser sincero, isso dá-nos confiança, mas creio que continuamos a ser um grupo com fome e sabemos como as coisas podem mudar rapidamente. Especialmente no Benfica, espera-se que se ganhe todos os jogos, por isso, há sempre esta ideia de que se perdermos é muito, muito mau. Somos cautelosos em relação a isso e é importante manter esse padrão. Não é tanto, ‘Oh, vamos ganhar!’, mas sim “Oh, vamos manter o nível que estabelecemos’.

Recordo-me de, no ano passado, quando perdemos com o Málaga na pré-temporada por 40. Ele continuava a dizer-nos: ‘Málaga!’ Voltávamos a vencer um jogo e ele: ‘Ah, mas não se esqueçam do Málaga’.

— A próxima partida, este sábado, vai ser contra o Vitória de Guimarães. É a equipa e no pavilhão onde o Benfica perdeu pela última vez. Conversam sobre essa situação? Que vão jogar com a última equipa que vos derrotou?

— De certeza que será mencionado no discurso antes do jogo. O treinador [Norberto Alves] é, definitivamente, um desses tipos que, se alguma coisa correu mal uma vez, vai sempre lembrar-nos do que aconteceu. Recordo-me de, no ano passado, quando perdemos com o Málaga na pré-temporada por 40. Ele continuava a dizer-nos: ‘Málaga!’ Voltávamos a vencer um jogo e ele: ‘Ah, mas não se esqueçam do Málaga’.

A qualquer momento, as coisas podem mudar drasticamente. De certeza que vai falar disso. Ainda me lembro dessa sensação porque, como jogador do Benfica e a jogar neste clube, não gostamos quando as pessoas começam a falar mal de nós. Sentimo-nos como se fossemos o leão… ah, não é leão, a águia do campeonato. Recordo-me que nos bateram no ano passado e como depois fizeram trashtalk todo o tempo. Esse tipo de coisas fica-nos na memória.

— No passado fim de semana venceram o Sporting, aqui na Luz. Marcou 11 pontos seguidos, dos últimos 12 do Benfica até ao intervalo, e isso abriu um fosso no marcador. Ficou surpreendido com o resultado final de 81-64?

— Sabemos que somos o tipo de equipa que tem uma boa dinâmica. A nossa forma de jogar é bastante rápida e agressiva. Muitas vezes, chega um momento em que os adversários quebram porque somos incansáveis. A margem final foi de 20 pontos, mas é uma daquelas coisas em que primeiro é preciso quebrar a outra equipa. A partir daí é: ‘Ok, vamos ganhar', só não sabemos por quanto. Esse foi um bom exemplo.

Na 1.ª parte, eles acompanhar-nos e estavam a jogar muito forte. Eu disse que estavam a praticar um bom basquetebol, melhor do que o que havíamos visto em jogos anteriores. Foi um 2.º quarto muito emotivo. Mas, o ímpeto que tivemos no final levou-nos para a 2.ª parte e depois quebrámos-lhes o espírito. O resultado final não me surpreendeu. Só tínhamos de chegar àquele momento que  depois ganharíamos.

Quando se atua na EuroLiga, tem-se uma oportunidade no jogo e se atuarmos bem, os nossos minutos serão alargados. Caso contrário, têm outro que pode fazer o mesmo.

— Mas, apercebeu-se de que marcou 11 dos últimos 12 pontos na 1.ª parte?

- Não. Sou um daqueles jogadores que, quando tudo começa a rolar faço muitas coisas diferentes, tanto no ataque como na defesa, e as boas começam a acontecer em sequência. Sei isso sobre mim. Mas também que pode ser ao contrário. Que quando não está a correr bem, podem ser cinco más consecutivas. É algo que tenho tentado trabalhar, especialmente porque aspiro a jogar a níveis mais elevados. Quando se atua na EuroLiga, tem-se uma oportunidade no jogo e se atuarmos bem, os nossos minutos serão alargados. Caso contrário, têm outro que pode fazer o mesmo. É um dos aspectos em que tenho trabalhado este ano.

Não gosto de me sentir assim porque sinto que estou convertido a esta nova religião, mas existe uma alegria especial quando vencemos o nosso rival. Creio que é porque vejo o quanto isso significa para os adeptos e até para as pessoas à volta.

— Recordo-me que, na época passada, após ter batido o Sporting na meia-final da Taça da Liga, disse: «Ganhar ao Sporting faz-nos sempre sentir bem». A rivalidade entre as equipas de Lisboa é enorme. Também já entrou na sua pele?

- Sim, quer dizer, quase não gosto de me sentir assim porque sinto que estou convertido a esta nova religião, mas existe uma alegria especial quando vencemos o nosso rival. Creio que é porque vejo o quanto isso significa para os adeptos e até para as pessoas à volta. [no fim de semana] Sabia que depois iria haver um jogo de futebol muito importante [Sporting-Benfica], por isso esperava que pudéssemos entrar com um bom espírito para esse encontro. Mas não vamos falar do resto…

Mas, em termos nacionais, sabemos que somos uma equipa bastante forte e que se fizermos sempre o que é suposto, da maneira como  a direção montou a equipa e construiu o plantel, esperam-nos coisas boas.

— Referi as 27 vitórias seguidas que somam, mas, na Luz, neste pavilhão, não perdem desde 11 de outubro de 2023. São mais de 449 dias sem perder para o campeonato. É algo incrível. A única equipa que os derrotou cá na época passada foi a Oliveirense. O grupo diz: esta época não vamos perder com ninguém na nossa casa?

— Compreendo a estatística, mas sentimo-la de maneira diferente porque, especialmente esta época, tínhamos grandes aspirações nas competições internacionais [Liga dos Campeões]. Com isso, a sequência não parece tão pura, perdemos os jogos com a equipa italiana [Derthona Basket], com o Manresa. Por isso, talvez a sensação não seja a mesma. Mas, em termos nacionais, sabemos que somos uma equipa bastante forte e que se fizermos sempre o que é suposto, da maneira como  a direção montou a equipa e construiu o plantel, esperam-nos coisas boas. Portanto, a série está lá, mas não parece tão pura por causa desses desaires internacionais.