Frente ao Benfica B, Tiago Fernandes voltou a apresentar um onze diferente, mantendo a filosofia que tem praticado desde o início da temporada e elevando para 21 o número de jogos sem nunca repetir as mesmas escolhas.

"A culpa é da estrutura porque deu-me 22 jogadores com muita qualidade e como treinador tento mantê-los todos 'vivos'. Olho para algumas equipas que têm um onze mais ou menos base, o nosso também tem uma espinha dorsal que é importante na equipa. Há duas formas de ver as coisas: a primeira é o adversário nunca saber se jogamos de uma forma ou de outra, isso dá-nos vantagem em alguns jogos em termos estratégicos; e a outra é porque gosto de ter um plantel sempre 'vivo' a querer jogar durante a semana e a treinar de forma a poder jogar porque não quero ter onze titulares e oito ou nove suplentes, os que estão de fora sabem que podem entrar a qualquer momento e depois avalio o rendimento de jogo para jogo e aquilo que são as ideias que temos para a equipa e quem interpreta melhor, quem tem mais rendimento está sempre mais próximo de repetir no onze, quem não interpreta tem que dar o lugar a outro porque também durante a semana é muito equilibrado em termos de opções de plantel, são muitos jogadores que podem jogar. O Vando [Félix] saiu mas não se sente a falta dele porque os que estão lá, o [Jean-Marie] Mathys, o Ali [Aboubacar], o Manu [Pozo], o Paraízo, o David Costa, são jogadores que não são inferiores ao Vando. Como treinador tenho é que espremer ao máximo o talento do plantel e pô-los todos a borbulhar durante a semana para ao fim de semana sentirem que podem jogar. Eles não têm que estar preocupados com o onze que vai jogar, eles têm que se preocupar é que na semana a seguir podem ficar de fora da convocatória porque estou a deixar dois, três jogadores com muita qualidade fora da convocatória e isso é que me custa como treinador porque eles trabalham muito bem", desmistificou o treinador do conjunto de Torres Vedras na conferência de imprensa após o empate (1-1) frente aos encarnados.

Por outro lado, o técnico de 43 anos, embora reconhecendo que o Torreense está num lugar "apetecível", vincou que o atual projeto do clube passa por "valorizar jovens ativos e jogar bom futebol".

"As nossas aspirações não alteram desde o início da época. Tínhamos o objetivo de fazer a manutenção e potenciar jogadores. Já potenciámos vários jogadores este ano e continuamos a potenciar. Acho que é de valorizar o nosso jogo, no sentido em que temos uma equipa jovem, mas que gosta de jogar. Estamos numa posição de playoff [de promoção], também, não vou esconder que é uma posição apetecível e que é boa para os jogadores porque lhes dá confiança, moral e alento. Isso é positivo, eles não vão ter pressão de estar nesta posição porque têm que desfrutar de estar nesta posição. O que é mais importante para nós é preparar cada jogo para ganhar os três pontos. Depois se no final estivermos mais bem classificados ou menos bem, penso que nada vai alterar aquilo que é o nosso projeto porque o Torreense tem um projeto, neste momento, que é a valorização de jovens ativos do clube e também ter uma equipa que jogue bom futebol e tenha aqui uma base para em dois, três anos conquistar bons resultados tanto a nível desportivo como financeiro e é isso que vamos procurar fazer. Ter sempre um equilíbrio emocional, saber aquilo que queremos para o clube e estarmos sempre preparados para jogar cara a cara com qualquer adversário".

Falando sobre o jogo ante a equipa B das águias, o antigo treinador do Sporting foi muito elogioso em relação ao seu adversário. 

"O Benfica B é uma excelente equipa. Os miúdos são novos, têm muita energia, correm sempre durante os 90 minutos. Este ano claramente que o Benfica B tem uma equipa recheada de miúdos com talento e potencial mas principalmente pela ideia de jogo e dinâmica que imprimem. Adaptaram-se muito bem, têm uma equipa muito preparada para esta segunda liga com jogadores muito rápidos na frente, com jogadores que tocam bem a bola de apoio entre linhas. E nós também temos uma equipa jovem com potencial e talento que se soube claramente defrontar em termos de duelos e de dinâmica. Soube criar perigo ao Benfica B. Penso que o resultado acaba por ser justo porque ambas fizeram para ganhar o jogo e tiveram oportunidades de golo. É claro que preferia ter ganho 1-0, mas o que disse aos jogadores é o que digo aqui, o segredo do jogo foi nós termos tido as oportunidades de fazer o 2-0, por duas, três vezes e não conseguimos fazer. Sabemos que a qualquer momento o adversário pode ir lá numa transição, num cruzamento, foi o que aconteceu e o nosso posicionamento defensivo não ajustou a tempo e o Luan [Farias] apareceu ao segundo poste a fazer o empate. Acho que foi um jogo equilibrado, bem disputado, com qualidade e o [estado do] tempo... foi o que disse aos jogadores, têm que se adaptar e não há desculpas porque se eles quisessem jogar sempre com bom tempo e bom piso tinham que ir para o futsal", salientou.

Para finalizar, numa altura em que a Liga Meu Super está no início da segunda volta, Fernandes fez um balanço do que tem sido o trajeto dos azuis e grenás até ao momento. 

"Todas as equipas são bastante difíceis, nós é que tornamos às vezes o jogo mais fácil ou mais difícil. A interpretação técnica e tática do jogo é fundamental para os meus jogadores e para mim. Todas as equipas foram diferentes, o enriquecedor para mim como treinador é que cada equipa joga num sistema, numa ideia de jogo e nós todas as semanas vamos crescendo porque vamos apanhando diversas ideias de vários treinadores. A equipa tem crescido nesse aspeto e sabe muito bem o que é que há-de fazer quando os adversários jogam duma forma ou quando constroem doutra. Isso é que tem sido o crescimento deste plantel nesse sentido porque tive 22 jogadores novos esta época e até criar e cimentar uma ideia não é fácil, mas eles têm crescido dentro desta ideia durante a semana e parabéns a eles pela capacidade de conseguirem jogar sempre a um nível bom", rematou.