
O julgamento do 'Saco Azul' prosseguiu esta quinta-feira, com o depoimento de Domingos Soares de Oliveira, antigo CEO das águias e último arguido a depor. Nesta 14.ª sessão do julgamento que decorre no Campus de Justiça, Lisboa, o agora administrador do Al-Ittihad Jeddah esclareceu as suas funções nos encarnados, onde entrou em maio de 2004, como diretor-geral do clube, antes de saltar para as administrações das várias empresas, nomeadamente a SAD. "Era o responsável pela estrutura profissional", especificou.
Soares de Oliveira adiantou que tinha em mãos o futebol de formação, entre outras áreas. O futebol profissional e as modalidades estavam noutras dependências. O presidente do coletivo de juízes, Vítor Teixeira de Sousa, quis saber se, depois de Vieira, era o gestor quem tinha mais poder no Benfica. "O poder é uma questão subjetiva", atirou, antes de ser interrompido pelo juiz. "Se considerarmos todo o universo do Benfica, com o futebol do Benfica, não posso concordar", corrigiu Soares de Oliveira. "Não mexia no futebol profissional, não mexia nas modalidades e não mexia nas Casas dos Benfica", exemplificou.
"Não intervinha no futebol profissional nem na área financeira. Mas faziam-se negócios sobre os quais achava que se estava a pagar demais. Apenas intervim nos processos de João Félix e Enzo Fernández", exemplificou o antigo CEO das águias, que deixou o Benfica em setembro de 2023.
Soares de Oliveira lembrou o período em que foram contratados os serviço da McKinsey, uma altura em que os encarnados apostavam em novo crescimento. Segundo ele, a empresa de consultoria deu alguns orientações relacionadas com a transformação tecnológica e a internacionalização da marca, que passava pela aquisição de clubes no estrangeiro, onde os jogadores pudessem projetar-se. "A McKinsey achava que o Benfica estava a fazer a coisa certa, mas nos países errados", disse, recordando: "Estudámos todos os clubes da Premiership e tivemos conversações com outros da Premier League", precisou.
Em julho de 2017, Soares de Oliveira admitiu, à revista 'Forbes', que o Benfica pretendia entrar na gestão de um clube da Premier League. A ideia era aproveitar as avultadas receitas televisivas distribuídas pelas equipas do principal escalão do futebol inglês. Na altura, o dirigente adiantou que qualquer clube que fosse promovido à Premier League recebia cerca de 120 milhões de euros de receitas provenientes dos direitos televisivos. Quatro anos depois, foi revelado que, em 2016, o Benfica tentou comprar o Charlton, mas também o Almería, de Espanha.
(notícia atualizada às 14H55)