As palpitações finais do Benfica depois do Moreirense marcar aos 85 minutos chegaram com atraso. Até então, o resultado não refletia o limbo em que os encarnados se haviam colocado durante praticamente todo o jogo, mesmo que aos 15’ já estivessem a vencer por 2-0.

Porque durante a 1.ª parte, a equipa de César Peixoto dividiu sempre o jogo na Luz, deixando-se levar pelo adormecimento coletivo da 2.ª, antes de voltar a sonhar com o empate nos cinco minutos finais. O Benfica voltou a ser uma equipa intranquila, incapaz de colocar o seu jogo no chão, com dificuldades em encontrar ligações e soluções. Achou-as nas bolas paradas e a elas muito se deve esta vitória: os três golos nascem de dois cantos e um penálti, em alturas cruciais.

São momentos do jogo como outros quaisquer, que se trabalham e treinam, e a vitória do Benfica tem mérito por causa disso. Mas em jogo corrido, o Benfica sofre. E não terá agradado aos adeptos na Luz ver o Moreirense com a iniciativa de jogo em boa parte da 1.ª parte, com mais bola, pressionando o Benfica, causando uma mão-cheia de problemas. Errou também o Moreirense e o erro é um fator tão essencial no futebol quanto um livre lateral bem marcado. Errou Dinis Pinto logo aos primeiros minutos, uma imprudência em forma de braço esticado na área, que permitiu a Pavlidis marcar dos 11 metros e não foi rápido Antonisse a deixar a sua posição num canto minutos depois, permitindo que, entre carambolas e ressaltos, o avançado grego ficassem em posição privilegiada para fazer 2-0.

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Por essa altura, já a equipa de César Peixoto era a que fazia o adversário correr, obrigando o Benfica a baixar linhas, incaracterístico de se ver na casa de um grande. O golo de Benny, aos 19’, receção de pé direito e remate com o esquerdo, trazia alguma lisura ao resultado, num lance que começou num lançamento lateral.

Com 2-1 no marcador, o Moreirense continuou na sua demanda por surpreender o Estádio da Luz. Dinis Pinto teve nova oportunidade à meia-hora, desaproveitando uma bola ganha nas alturas por Marcelo, e pouco depois o Benfica perdia Bah e Manu Silva por lesão em minutos seguidos - lances que não parecem augurar nada de bom para os dois jogadores.

O azar do Benfica, um mal em dose dupla, foi o mal de toda a gente. A longa paragem partiu o jogo, quebrou o ímpeto e a vontade da equipa visitante e ainda antes do intervalo o Benfica voltou a marcar, em novo canto, com Otamendi a aparecer sozinho ao segundo poste, num lance também bem trabalhado por Florentino, a servir de barragem aos adversários. Nos estendidos descontos da 1.ª parte, Alanzinho teve a oportunidade de reduzir de cabeça (não terão ajudado os 165 centímetros que ostenta no BI), com Trubin, seguro, a defender.

Gualter Fatia

O 3-1 era manifestamente pesado para a 1.ª parte do Moreirense, que se deixou enredar pelo marasmo que se instalou no 2.º tempo, num jogo aparentemente gerido com bola pelo Benfica que o final viria a provar que nada estava controlado. Só um erro de reposição de Kewin permitiu perigo, com Aursnes, aos 60’, a fazer o primeiro remate da equipa de Bruno Lage no segundo tempo. O silêncio na Luz chegou a ser ensurdecedor.

Com o jogo a ritmo baixíssimo, soporífero, Lage lançou Bruma e Belotti pouco depois de Schettine assustar de cabeça, dando sequência ao bom cruzamento de Luis Asué, que cresceu no jogo. Aos 85’, foi fundamental, lesto a dar o passe de primeira para Ivo Rodrigues, depois de uma perda de bola em zona proibida de Carreras. O 3-2 acordou o jogo e a equipa de César Peixoto andou até ao fim a rondar a baliza de Trubin, provocando erros, tremeliques e outros medos numa equipa que, mesmo aproximando-se da frente, não está segura do seu jogo.

Os dados contam o que contam, mas na Luz o Moreirense rematou o mesmo número de vezes (10) que o Benfica e apenas fez menos um tiro enquadrado do que o adversário (6). Oportunidades de golo foram as mesmas: 6. Não foi a melhor das noites na Luz para o Benfica e os 3 pontos chegaram do laboratório.