Na sequência da derrota que ditou o fim do sonho português no Mundial, Rolando Freitas afirmou que a Dinamarca "era uma montanha altíssima para escalar", mas apontou que a prestação no Campeonato do Mundo mostrou que "é possível fazer coisas excelentes".

"Estamos todos entusiasmados com a campanha de Portugal. É um trabalho de muitos anos, que se está a concretizar agora, e bem. Sabíamos que este jogo era muito difícil. A Dinamarca era uma montanha altíssima para escalar. Estivemos 30 minutos bem no jogo, mas depois o Emil Nielsen [guarda-redes] fechou a baliza e tornou-se impossível. Entrámos num rodopio e ficou cada vez mais difícil marcar, com a Dinamarca a marcar golos mais fáceis, mas temos de estar contentes", analisou o antigo selecionador português de andebol, à agência Lusa.

A seleção portuguesa, que marcou presença pela primeira vez nas meias-finais de um Mundial, chegou ao intervalo a perder 20-16, tendo a tricampeã mundial aumentado a diferença progressivamente na segunda parte, fechando com a vantagem de 13 golos.

"Não há que ficar triste, ainda há uma medalha para lutar. Estamos no caminho. Ainda não estamos lá, mas vamos lá chegar", realçou Rolando Freitas, atualmente sem clube.

No domingo, Portugal, que já garantiu a melhor classificação de sempre em Mundiais, vai discutir o bronze frente à França, antecedendo a final entre Dinamarca e Croácia.

"Temos de recuperar deste jogo anímica e fisicamente. Esta equipa já mostrou caráter e personalidade para o fazer. Com a França vai ser um jogo aberto, é uma equipa forte e difícil. Não tem muita baliza, mas tem um ataque perigoso e uma boa relação com o pivô e a defesa. Temos tudo o que podemos ter e acho que é um duelo aberto", frisou.

Apesar da qualidade dos gauleses, Rolando Freitas considerou possível conquistar uma histórica medalha para a modalidade, esperando uma estrelinha que não existiu hoje. "É sempre bom ganhar o último jogo de um evento destes. Quando ganhamos bronze, vamos estar mais contentes do que perdendo a final. Penso que é possível. Temos de recuperar e passar à frente, porque já não podemos fazer nada em relação a este jogo. Vai ser equilibrado e esperemos que tenhamos a estrelinha que hoje faltou em alguns momentos", disse o treinador, que orientou a seleção da Coreia do Sul de 2022 a 2023.

Os bons e crescentes desempenhos de Portugal e dos clubes portugueses nos últimos anos têm aumentado a visibilidade da modalidade no país, mas Rolando Freitas apelou a mais apoios da sociedade civil e de instituições como o Governo ou Comité Olímpico.

"Temos de conseguir ter mais apoio da sociedade civil. Sem dinheiro não se consegue andar para a frente e precisamos de continuar a trabalhar para aumentar a base. Não me lembro da última vez que o andebol passou na RTP1. Para passar mais vezes temos de estar mais vezes neste nível. Voltámos a surpreender. Não estamos aqui para isso, mas sim para ser consistentes nos resultados pretendidos. Mostrámos neste Mundial que é possível fazer coisas excelentes", sublinhou.