O presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) assumiu-se esta sexta-feira "satisfeito com a vontade do Governo em voltar a ter Fórmula 1 em Portugal" e acredita que há "uma janela de oportunidade" para acontecer em 2027.

Questionado pela agência Lusa, Ni Amorim reagiu ao anúncio feito pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, na quinta-feira de que o Governo assegurou já a realização dos grandes prémios de MotoGP para 2025 e 2026 e que está "tudo pronto para se formalizar o regresso da Formula 1 ao Algarve em automobilismo, em 2027".

"Resta-me ficar satisfeito com a vontade do Governo em voltar a ter Fórmula 1 em Portugal, que já não vem ao nosso país desde 2021", frisou Ni Amorim, em declarações à Lusa.

O líder federativo admite que "é um canal que está aberto". "Portugal é sempre um país candidato. Haverá Grande Prémio desde que o Governo assim o entenda, pois não pode ser a FPAK a decidi-lo", frisou.

O antigo piloto admitiu ter sido contactado pelos responsáveis do Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, para uma reunião "a acontecer nos próximos dias".

"Vamos aguardar serenamente. É um projeto para 2027. A Fórmula 1 tem vários países em lista de espera mas poderá haver uma janela de oportunidade", disse.

Segundo explicou o presidente da FPAK, "há uma quota de grandes prémios que têm de ser realizados na Europa".

"É esse o acordo com as equipas. É aí que está a oportunidade para Portugal entrar", sublinhou Ni Amorim.

O presidente da FPAK recorda, no entanto, que "há muitos países em fila de espera" para acolher uma prova de Fórmula 1, pelo que esta candidatura "depende única e exclusivamente do Governo".

"Cá estaremos para assegurar, agentes do desporto, todas as partes operacionais, como já ficou provado em 2020 e 2021", quando Portugal acolheu duas provas do Mundial em plena pandemia de covid-19, no Algarve.

Desde essa altura, o Grande Circo não voltou a Portugal.

"Estaremos à altura das responsabilidades", garantiu o presidente da FPAK.

Já o presidente do Automóvel Club de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, considera que a possibilidade de a Fórmula 1 regressar a território luso "é uma excelente notícia".

Contudo, Barbosa entende que "devia haver um contrato de pelo menos três anos para ser mais barato". Segundo adiantou à Lusa, o valor anual a pagar ao promotor do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 (a Formula One Management) situa-se "entre os 25 e os 40 milhões de euros".

Já em janeiro, o presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), o saudita Mohammed ben Sulayem, disse à agência Lusa que o calendário do Mundial de Fórmula 1 está cheio, pelo que dificilmente haverá espaço para novas provas.

"Portugal é um excelente local, já tem outros campeonatos, como o de rali-raids. Mas na Fórmula 1 há um número restrito de vagas", frisou o responsável máximo do automobilismo mundial.

O presidente da FIA explicou que no Conselho Mundial, que decide os destinos das competições, há duas preocupações: "Discutimos o lado dos regulamentos e o lado comercial. Tento sempre equilibrar o lado desportivo com o comercial. Penso que a F1 nunca deve deixar a Europa, pois foi na Europa que começou e é ali que ainda está a inovação. Mas isso não impede que vá para outras regiões", disse.

Ben Sulayem sublinhou que "já há muitas viagens no calendário": "Veja o que tantas viagens fazem ao pessoal das equipas. Tenho a responsabilidade de cuidar das minhas equipas. Já há muitas viagens no calendário. Por exemplo, a Alemanha tinha duas provas [de Fórmula 1] e agora não tem nenhuma", disse, na altura, o presidente da FIA.

No entanto, com a perspetiva de alguma das atuais provas em solo europeu sair do calendário, poderá abrir-se a porta à entrada de Portugal.

Atualmente, Itália (Imola e Monza), Mónaco, Espanha, Áustria, Grã-Bretanha, Bélgica, Hungria, Países Baixos e Azerbaijão são os países europeus que integram o calendário de 24 corridas de 2025.