O Benfica está prestes a viver um momento com grande importância histórica na vida do clube. Em outubro os benfiquistas vão ser chamados para decidir o futuro do clube e é imperativo que se faça o que ficou por fazer em 2020 e se acabe finalmente com o vieirismo no Benfica.

Quando Rui Costa assumiu a presidência do Benfica, muitos benfiquistas, inclusive eu, acreditaram que iríamos ver uma rutura com o passado, com o fim a influência de Luís Filipe Vieira no clube. No entanto, essa rutura não aconteceu.

É verdade que marcas do Vieirismo, como, o discurso de vitimização do líder, os ataques pessoais e por via de terceiros a pessoas que se atreveram a criticar Vieira, o afastamento e diabolização de figuras míticas do clube (como, por exemplo, António Simões) por contestarem a direção, os tiques ditatoriais de Vieira, todos eles deixaram de fazer parte do dia a dia do Benfica.

No entanto, outras se mantiveram. O completo desconhecimento do que é gestão desportiva, gerir o clube à base de feelings ou luzes, vender os próprios jogadores a preço de saldo, o abandono por completo de uma comunicação direta com os sócios e adeptos e as promessas falsas foram constantes na gestão de Rui Costa.

Quando falo sobre este assunto com amigos e familiares, gosto de usar uma comparação, que muitas é mal interpretada. Rui Costa está para Vieira como Marcello Caetano está para Salazar. Ambos prometeram reformas e uma rutura com o regime anterior, mas, na verdade, foram apenas continuações do regime com um “repacking”. (Atenção, não estou a comparar as pessoas, mas sim a situação)

Em 2020, quando fiquei duas horas nas filas no Estádio da Luz para votar em Noronha Lopes, o sentimento que estava presente era o de mudança, o de rotura. Passaram-se cinco anos e sentimento mantêm-se e desta vez mais forte do que nunca, principalmente após o que vi no dia 5 de julho.

Rui Costa está fragilizado, mas desengane-se quem achar que o antigo número 10 da Luz não se vai recandidatar. É óbvio que vai. O atual presidente do Benfica vai utilizar o mercado de transferências e os primeiros meses da época para tentar ganhar votos e algum folgo para as eleições, por isso é que não vai antecipar o ato eleitoral.

Em outubro o benfiquista tem a responsabilidade de mudar o futuro do clube, de acabar com um regime e uma forma de pensar que tanto causaram mal ao Benfica. Obviamente não vai mudar tudo de um dia para o outro, há muitas coisas que precisam de mudar, mas certamente o futuro será muito mais risonho.

Seja João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas ou até Cristóvão Carvalho, o importante é que se verifique uma coisa: o fim definitivo do Vieirismo no Benfica.