"Trata-se de um dérbi e normalmente estes jogos têm uma incerteza muito grande. De qualquer maneira, daria uma ligeira vantagem ao Sporting, no sentido de que tem dado ultimamente alguns passos seguros na assimilação de um novo sistema tático e conta com um avançado motivadíssimo e de pé quente [Viktor Gyökeres]. Agora, será um jogo de tripla", antecipou à agência Lusa o antigo ponta de lança leonino, entre 1995 e 1998.
O campeão nacional Sporting, segundo mais titulado, com quatro conquistas, enfrenta o Benfica, detentor de um recorde de sete êxitos, no sábado, às 19H45, na partida decisiva da 18.ª edição da Taça da Liga, no Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria.
"O Benfica tem de ganhar rapidamente algo que as equipas precisam para poderem ser campeãs: a consistência exibicional, que, mais tarde, se venha a traduzir em resultados. Este troféu vai ser um tónico importante para alcançar essa regularidade. Eles têm sido bastante irregulares e vem um pouco daí a vantagem que eu daria ao Sporting", avaliou.
Os rivais lisboetas reencontram-se 13 dias depois da vitória caseira do Sporting (1-0) na 16.ª jornada da Liga, e penúltima da primeira volta, que devolveu os leões ao topo, por troca com o Benfica, na estreia do técnico Rui Borges, oriundo ao Vitória de Guimarães.
"O Benfica praticamente não existiu na primeira parte, com pouca agressividade e muitos passes errados, e tem de melhorar na entrega ao jogo e na intensidade. Não pode ser a equipa que esteve no dérbi do campeonato. Sendo uma final, prevê-se que haja alguma contenção dos treinadores para que as equipas não cometam erros", notou Paulo Alves.
Se as águias derrotaram o Sporting de Braga (3-0), detentor do troféu, nas meias-finais da Taça da Liga, o Sporting bateu o FC Porto (1-0) e está invicto ao fim de três partidas com Rui Borges, que apostou num sistema de '4-4-2', em vez do '3-4-3' estabilizado em Alvalade desde a era Ruben Amorim e até ao final da breve passagem de João Pereira.
"Não é fácil em tão pouco tempo e em cima de jogos difíceis mudar as agulhas táticas de uma equipa que estava perfeitamente habituada a um sistema enraizado e com muitos frutos dados. Pensava que Rui Borges não fosse alterar as coisas de forma tão rápida ou desse mais tempo à equipa para se ajustar [aos novos métodos de treino e liderança], mas mudou para um sistema mais familiar. A perspetiva é que a equipa vá melhorando e, à medida que as semanas vão passando, se sinta mais à vontade e capaz de disputar os jogos com boas exibições e resultados", traçou o ex-internacional português, de 55 anos.
Antecessor de Rui Borges no Moreirense, que promoveu à elite como vencedor da 2.ª Liga, em 2022/23, Paulo Alves sente que o Sporting está "novamente forte e num plano mental bastante bom a nível de compromisso coletivo, entrega aos jogos e entendimento tático".
Para trás ficou uma "inversão acentuada" na transição de Ruben Amorim, adquirido pelos ingleses do Manchester United em novembro de 2024, para João Pereira, que volta agora à equipa B leonina, da Liga 3, e foi treinado por Paulo Alves no Gil Vicente (2006-2007).
"Infelizmente, o João Pereira não conseguiu essa empatia com o plantel. Alguma coisa se terá passado e ele não terá conseguido passar [a mensagem] aos jogadores. Inverteu-se um processo e questões emocionais que estavam consolidadas há muito tempo. A equipa exibia-se sempre num plano muito bom, mas isso deixou de acontecer. O Rui Borges, de forma muito simples, conseguiu chegar aos atletas e impor-se no momento inicial", frisou.
A chegada do treinador transmontano havia coincidido com o regresso ao 'onze' do médio japonês Hidemasa Morita, que contraiu nova lesão esta semana e acompanha Matheus Reis, Nuno Santos, Daniel Bragança e Pedro Gonçalves no boletim clínico, devendo ser substituído pelo jovem João Simões, promovido da equipa B à principal por João Pereira.
"São jogadores muito distintos. Além de ser um miúdo e ainda não estar muito maduro, o João Simões recebia e passava a bola, ficava um pouco confinado a algumas posições e não dava flexibilidade ao jogo. Já o Morita tem a capacidade de dar andamento, procura linhas de passe adiantadas e chega perto da área adversária. Confere outra dimensão ao jogo e estabilidade ao grupo. As lesões são sempre difíceis, mas é suposto que o plantel tenha alternativas e compete aos técnicos, dentro do processo de treino e dos atributos individuais à disposição, ajustarem em função do que for melhor para a equipa", finalizou.