
Quando a direção do FC Porto decidiu arriscar num treinador pouco conhecido, vindo do México, deu-lhe um projeto para as mãos e, mesmo sem o admitir, provavelmente não exigiria resultados imediatos (até lhe tirou Galeno e Nico...). Eles de facto não têm aparecido muito, mas o que faltava a Martín Anselmi foi finalmente conseguido frente ao Aves SAD: mostrar que os jogadores são capazes de interpretar a sua ideia, garantindo golos e, já agora, uma exibição que entusiasmasse os adeptos que começavam a ter algumas dúvidas disso mesmo.
MARCAR POUCO, MAS ATACAR MUITO
Martín Anselmi não abdica do seu sistema, mas mudou o suficiente para parecer outro FC Porto a entrar em campo. Eustáquio era o terceiro central e, nos momentos de posse de bola, colocava-se mais perto de Alan Varela, deixando os criativos que estavam de regresso à equipa (Rodrigo Mora, Fábio Vieira e Pepê) com maior liberdade para fazer das suas na frente.
Com mais elementos no ataque e maior perigo perto da baliza do Aves SAD, não era dia para Samu se queixar da falta de oportunidades. O avançado, novamente convocado para a seleção espanhola, foi falhando na concretização durante a primeira parte (até no poste acertou!), mas ouviu aplausos do Dragão, certamente em solidariedade pelos difíceis períodos de seca na dianteira azul e branca.
No entanto, pertenceu aos visitantes a primeira grande oportunidade de golo: aos 16’, John Mercado surgiu isolado na cara de Diogo Costa e o guarda-redes salvou o colega Eustáquio de ficar para trás a assistir à desvantagem. Um susto que podia ter tido repercussões num FC Porto mais frágil emocionalmente, mas rapidamente esquecido pelo golo de Rodrigo Mora (18’). Até ao intervalo ainda houve iniciativas do Aves SAD, mas foram 12 remates dos dragões (5 deles enquadrados com a baliza). O treinador argentino bem pode argumentar que não são estes que contam (como fez na antevisão), mas lá que dão uma ajuda...
JOGO RESOLVIDO AOS 61 MINUTOS
O segundo tempo começou da pior forma para o Aves SAD, com a expulsão de Nacho, abrindo espaço à subida no terreno de Eustáquio, que voltou oficialmente à condição de médio. Mais longe da zona central continuavam João Mário e Francisco Moura, muito ativos nas alas, perante pouca oposição dos visitantes. Foi, aliás, do canhoto ex-Famalicão que surgiu o cruzamento para o também pé esquerdo de Fábio Vieira aumentar a vantagem azul e branca. Tudo resolvido aos 61'.
Reagiu Rui Ferreira com dupla substituição e aproveitou também Anselmi para fazer descansar os recém-recuperados Rodrigo Mora e Pepê, entrando para os seus lugares William Gomes e André Franco. Podia o FC Porto ter carregado para obter uma vitória ainda mais contundente? Podia, mas numa altura em que é essencial à equipa perceber os diferentes momentos do jogo e adaptar-se a eles, fica a sensação que foi mais inteligente estabilizar-se e garantir que nenhuma surpresa inesperada estragava a noite. Para isso valeu nova defesa decisiva de Diogo Costa, aos 77', evitando que Nehuén Pérez tivesse de responder por novo erro individual.
Assim foi a primeira vitória portista em casa em 2025 e a estreia de Anselmi a ganhar no Dragão. Será este FC Porto para continuar?