Ao oitavo jogo, João Pereira fez a maior aproximação que poderia fazer, já que tem vários elementos nucleares ainda lesionados, ao antigo modelo de Rúben Amorim. Geovany Quenda, depois da explicação confusa do técnico para a sua utilização à frente e sobre a esquerda, voltou a ser ala direito, e Conrad Harder ocupou a posição em que o jovem andava a ser utilizado sem grande rendimento. Talvez a última resistência tenha sido a de ter deixado Catamo no banco, em vez de o colocar no flanco oposto.

Do outro lado, estrategicamente, Bruno Pinheiro escondeu o jogo até ao apito inicial. O 4x3x3 desmontou-se a partir desse momento num 5x4x1 de bloco médio-baixo, preocupado com o controlo da profundidade. Gbane desceu para o meio dos centrais, a fim de vigiar de perto Gyokeres, e os restantes colegas assumiram referências individuais que limitavam e muito a construção dos jogadores leoninos. Trincão e Harder raramente apanharam a bola entre linhas por dentro, com Quenda e Maxi Araújo a serem chamados apenas para um ou outro cruzamento direcionado às finalizações de Gyokeres. O sueco ameaçou aos 10, 18 e 42 minutos, ainda que não com oportunidades flagrantes.

A partir das 20 minutos, mais confiantes, os de Barcelos começaram a conseguir manter a bola mais tempo e assim se aproximarem com critério da área leonina, ainda que sem alvejar a baliza à guarda de Franco Israel. O nulo ao intervalo justificava-se perfeitamente.

Afinar a construção

João Pereira não esperou mais. Deixou Quaresma nos vestiários, entrou Matheus Reis. O brasileiro acrescentou capacidade de transporte e o belga naturalmente sentiu-se mais confortável para o passe vertical. Gyokeres também vinha com ordens de desenhar diagonais sempre para a direita, fugindo aos centrais. Gbane ainda foi surpreendido no início, porém depois ajustou.

A partida ganhou naturalmente velocidade, uma vez que os gilistas também não estavam agora muito interessados em baixar o ritmo, ao contrário do que fizeram na primeira parte.

Catamo rendeu Quenda aos 66 minutos e um minuto depois surgiu, finalmente, a primeira grande oportunidade. Trincão, junto à linha, cruzou para um fortíssimo golpe de cabeça de Harder. Andrew voou, em grande estilo, para desviar para canto por cima da trave.

Bruno Pinheiro reagia logo depois. Pisavam o relvado Fujimoto, o mais criativo dos de Barcelos, e Jesús Castillo. Deixavam-no Mboula e Santi García. No entanto, nem por isso a equipa subiu no terreno.

Cerco final só com o coração

Catamo entrou bem e até teve o mérito de soltar Trincão. Os dois eram as únicas reais ameaças a Andrew. Aos 82 minutos, o guarda-redes defendeu um remate em curva do português a apontar ao ângulo inferior direito. Era a segunda grande oportunidade dos verde e brancos. Pouco antes, o VAR revertera um penálti porque afinal existira simulação de Debast. Mauro Couto rendeu um Maxi Araújo sem chama e, nos descontos, bem servido por Trincão, falhou a finalização e personificou o canto do cisne.

Nesta altura, Franco Israel tinha um latifúndio deserto pela frente, contudo, ainda assim teve de se aplicar perante um tiro cruzado de Félix Correia, um último susto.

Na outra área, o leão foi simplesmente insuficiente, apesar do momento crítico. E do sólido Gil. Tremeu antes do dérbi e está de volta à casa de partida. E às dúvidas.