
As irmãs Alexandri, um grupo de trigémeas austríacas que somam títulos europeus e mundiais na natação artística, querem inspirar países sem tradição na modalidade, como Portugal, a evoluir, disseram em entrevista à Lusa.
Com um currículo invejável, em que somam participações em Jogos Olímpicos e oito medalhas em Mundiais entre elas, Anna-Maria, Eirini-Marini e Vasiliki são figuras de proa de uns Europeus em que já venceram ouro no dueto técnico.
"Estamos muito felizes pois estamos a apresentar bons níveis de performance, muito felizes com o ouro. Apresentamos um novo elemento acrobático e correu muito bem. Deixa-nos contentes por continuarmos a ser consistentes", diz à Lusa Anna-Maria.
Apontam já aos Mundiais de desportos aquáticos, em Singapura, daqui a mês e meio, e mesmo tendo batido as adversárias por larga margem, com uma pontuação acima dos 300, olham quase de imediato "aos detalhes, ao que ainda falta trabalhar", porque o objetivo "é a perfeição", conta Eirini-Marina.
Porque o "amor à modalidade" é o que as junta neste assunto de família, o "período muito desapontante depois dos Jogos Olímpicos", diz Eirini-Marina, foi superado com a vontade de ainda mostrarem o seu melhor nível, sem se comprometerem com a ida a Los Angeles 2028.
Em Paris 2024, o dueto austríaco ficou no quarto lugar, à porta do pódio, falhando uma medalha que coroaria um percurso de excelência para as duas nadadoras, com Vasiliki habitualmente dedicada às provas de solo, muitas vezes a 'sofrer' pelas irmãs, como no Funchal.
"Ela também estava stressada por nós. Nós somos iguais com ela. É bom estarmos juntas. Mesmo fora da água, estamos nervosas, a querer ajudar... Nós apoiamo-nos e corrigimo-nos", explica Eirini-Marina.
Habituadas a competir com Maria Beatriz Gonçalves e Cheila Vieira nos maiores palcos da modalidade, a pausa do dueto português deu lugar a duas jovens de 19 anos, Inês Dubini e Anna Luiza Carvalho, num país que nunca foi aos Jogos Olímpicos e que procura desenvolver-se.
"Nós também vimos de um desses países. Nós mudamo-nos da Grécia e, nessa altura, disseram-nos que tínhamos escolhido o país errado, que nunca chegaríamos ao topo. Somos a prova de que se consegue", declara.
Como conselhos, deixam a necessidade de uma "mentalidade muito boa, muito apoio ao redor, e dar tudo constantemente". "Procurar a perfeição, para se conseguir mais e mais", acrescenta.
Anna-Maria define, por seu lado, o "acreditar no sonho" e bloquear vozes pessimistas como 'motor' da evolução para um dueto, e saber que inspiram gerações mais novas, como Dubini e Carvalho, é "uma energia muito boa".
"Temos nos nossos objetivos de futuro poder apoiar esses países pequenos que acreditam que não podem fazer coisas. Mas, de verdade, apoiamos seja quem for. Porque já experienciamos todas as coisas más, todos estes passos, até aqui", atira Eirini-Marina.