
João Almeida tornou-se esta sexta-feira no nono português a vencer uma etapa na Volta a Espanha, conquistando o mítico Angliru, dois anos depois do último triunfo luso, de Rui Costa.
Almeida, segundo à geral, deu à UAE Emirates nova vitória em etapa e mostrou por que é um dos melhores do mundo na alta montanha ao triunfar numa das ascensões mais reconhecidas - e temidas - do ciclismo mundial, batendo o camisola vermelha, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), no final dos 202,7 quilómetros iniciados em Cabezón de la Sal, cumpridos em 4:54:15 horas.
Ainda em aberto está a luta pela geral - são 46 os segundos que os separam, quando faltam oito etapas até final - mas o ciclista natural de A-dos-Francos (Caldas da Rainha) conseguiu já novo triunfo famoso, o segundo em grandes Voltas, depois de uma tirada na Volta a Itália de 2023.
Acontece num ano em que tem mostrado a faceta mais atacante e dominadora, tendo vencido uma etapa no Paris-Nice, seguindo-se duas e a geral final da Volta ao País Basco, a Volta à Romandia, e três tiradas e geral da Volta à Suíça.
Um dos ciclistas em melhor forma este ano, sofreu um revés na Volta a França, quando as fraturas decorrentes de uma queda o obrigaram a desistir, sem poder continuar a ajudar o esloveno Tadej Pogacar, eventual vencedor, e lutar por um pódio, 'vingando-se' agora na Vuelta.
Aos 27 anos, Almeida é já um dos melhores ciclistas portugueses de sempre, e como voltista só tem paralelo mesmo em Joaquim Agostinho, seguindo-lhe hoje os passos também nas vitórias na Volta a Espanha, que coroou um português pela nona vez.
Antes, em 2023, o campeão do mundo de fundo 10 anos antes, Rui Costa, tinha triunfado a partir da fuga do dia num sprint restrito na chegada a Lekunberri, para pôr fim a uma espera de oito anos sem triunfos para Portugal, além de um jejum de uma década para si mesmo em grandes Voltas, depois de dois triunfos na Volta a França de 2013, tendo já erguido os braços numa tirada do Tour de 2011.
Nelson Oliveira (Movistar) foi o sétimo a vencer na Vuelta, em 2015, também ele aproveitando uma fuga para se impor a solo em Tarazona.
O corredor natural de Anadia reeditava em 2015 o êxito de Sérgio Paulinho, que tinha brilhado em 2006, em Santillana del Mar, então destacando-se também numa fuga numerosa, acabando essa Vuelta no 15.º posto, para pôr fim ao mais longo jejum de triunfos após o primeiro que Portugal viveu.
Na altura, 30 anos depois, Paulinho sucedeu a Joaquim Agostinho, que obteve três triunfos (dois em 1974 e um em 1976), o herói maior do ciclismo nacional, que foi segundo na geral final de 1974, registando-se ainda êxitos de João Lourenço (1946) e de João Rebelo (1945), dois cada, e as vitórias isoladas de Alves Barbosa (1961) e José Sousa Cardoso (1959).
Agostinho tinha vencido a sexta tirada em 1976, um contrarrelógio individual em Cartagena, alcançando então a liderança da prova, embora o seu melhor resultado na Vuelta tenha sido o segundo posto da geral dois anos antes.