

Roma, acabou de receber de volta um dos seus filhos mais queridos: Jannik Sinner. Nascido no norte montanhoso da Itália, mas acolhido pelo coração fervoroso do ténis mundial, o número um do ranking ATP regressa esta semana à competição depois de cumprir uma suspensão que o afastou durante três meses. Na capital italiana, Jannik Sinner sentiu-se agradecido pela receção calorosa e agradeceu-a nas suas redes sociais.
A suspensão do tenista italiano por violação das normas antidoping, alegadamente por um suplemento contaminado, foi recebida para muitos, como uma surpresa, e para outros, como uma revolta. Para os amantes do ténis, não foi nada fácil lidar com esta bomba, mas Jannik Sinner com o seu sentido de resiliência, fora dos holofotes, preparou-se, não só fisicamente, mas também mentalmente, para o regresso aos courts. E de facto, não sei se terá sido mera coincidência ter escolhido o palco de Roma para regressar à competição.
Primeiro, convém dizê-lo sem rodeios. Jannik Sinner, a par de Carlos Alcaraz são, neste momento, os jogadores mais completos em atividade. Muito acima do alemão Zverev, que apesar da segunda posição no ranking ATP, encontra-se muito abaixo, de um ponto de vista mais técnico. E apesar da ausência, o italiano conseguiu manter a liderança no ranking ATP, demonstrando não só a qualidade do tenista, mas também o estado atual do circuito. que se formos a ver bem, deixa um pouco a desejar.
Roma é último grande teste antes de Roland Garros. Mas, na minha opinião, este torneio não é apenas uma preparação, e sim um manifesto. Uma oportunidade para mostrar que está de volta como se nada tivesse acontecido. No seio dos seus compatriotas, espera-se um espetáculo mais do ponto de vista emocional e não tanto do ponto de vista do jogo jogado.
No entanto, não será fácil. A terra batida de Roma é traiçoeira e, como qualquer court de terra batida, vai exigir muito mais do que talento. Perante adversários muito bem preparados e já com muita “rodagem” na terra batida, Jannik Sinner vai ter de demonstrar muita paciência e inteligência para conseguir levar a melhor neste torneio.
Do ponto de vista mais humano, esta competição servirá como um lembrete para todos nós, de que os campeões também erram, também sofrem e também caem, mas há sempre espaço para se erguerem novamente.
Não sei se o futuro do ténis vai ser de domínio italiano, como muitos apontam, mas uma coisa é certa, este desporto precisa de figuras claras. E neste momento, Jannik Sinner, dentro das quatros linhas, a meu ver, é o jogador mais claro de todos.
Neste mês de maio, o tenista italiano terá uma nova oportunidade. Não apenas de jogar, mas de se reescrever. Porque o ténis, como a literatura, também vive deste tipo de narrativas, e poucas são tão atrativas quanto a da queda seguida pela ascensão. Sinner está de volta, e o mundo do ténis, entre dúvidas e esperanças, prepara-se para assistir.
Artigo redigido por Daniel Pereira