O Marítimo não vive um momento muito positivo em termos desportivos, estando muito distante dos lugares que dão acesso Liga Portugal Betclic, ocupando um modesto 14.º lugar, com 30 pontos, estando a 18 pontos do líder Tondela e a 14 pontos do segundo e terceiro lugares, ocupados por Chaves e Vizela, respetivamente. Em dia de Assembleia Geral, pelas 19 horas e na qual poderá haver a queda da direção liderada por Carlos André Gomes, o técnico Ivo Vieira assumiu a sua cota parte de culpa no momento atual da equipa, deixando claro que sonhar é possível, mas a subida de escalão já estará fora dos horizontes verde-rubros.

"Sonhar é sempre possível e todos temos esse direito, mas, acima de tudo, temos de ser realistas. Acho que estamos a uma distância muito grande dos lugares de subida e seria uma coisa inédita somar o total de pontos em disputa até ao final do campeonato, e depois também dependeria daquilo que os outros pudessem fazer. Temos de direcionar as coisas para que o plantel ganhe estabilidade, para os jogadores crescerem e se valorizarem naquilo que é a qualidade de jogo. Quem vê esta equipa durante a semana... Depois não conseguimos reproduzir as coisas no dia de jogo. Essa responsabilidade é minha, pois eu é que lidero o processo e tenho de fazer os jogadores expor esse momento. Não tem muito a ver com o que acontece ao sábado e ao domingo. A equipa vale mais do que aquilo que tem feito em termos de qualidade. Em termos de objetivos, temos de ser equilibrados e o melhor possível. Também tenho de olhar um bocadinho para mim e fazer mais pela instituição, pois as pessoas acreditaram em mim e viam-me como uma solução em que poderíamos correr atrás do objetivo e estivemos um pouco aquém. Assumo essa responsabilidade sem problema nenhum", afirmou o treinador de 49 anos.

Quanto à AG de hoje, o técnico não valorizou muito o acontecimento: "A Assembleia Geral do clube não influencia aquilo que é o nosso trabalho e a preparação do jogo. Obviamente que aquilo que é notícia no dia a dia afeta um bocadinho aquilo que é a parte mental de tudo o que está à volta e de tudo o que é o Marítimo. Há um facto aqui e quero separar as águas de uma forma muito sincera. O Marítimo é um clube de que eu gosto, que estou a representar pela segunda vez e vou fazer sempre o melhor por quem lidera a instituição. A minha função aqui é essa e não é mais nenhuma. Vou lutar e defender o clube até aos dias que puder. Outra coisa é a instabilidade que se cria ou não se cria. O Marítimo é uma instituição onde todos, dentro e fora, devíamos trabalhar para o mesmo fim, a instituição e não nós individualmente. É assim que estou aqui, não me foco na situação da Assembleia, sei que existe, não é fácil para quem está a passar pela mesma, eu quero o melhor para o Marítimo e foco-me na única coisa que eu controlo, que é o meu trabalho, onde sinto que poderia ter feito mais ao nível dos pontos e isso é uma preocupação que me acompanha no meu dia a dia".

Sobre o momento de instabilidade ao nível direto, Ivo Vieira considera que tal afeta o plantel. Para o responsável máximo verde-rubro, "às vezes o momento da equipa não reflete aquilo que se está a passar no clube. Temos sempre muita gente a apoiar-nos nos jogos, fazem o máximo pela equipa. O que não jogamos tem a ver com o momento que passamos, sabendo que por vezes há equipas muito boas, mas não atingem a valia da mesma. É um processo que se arrasta desde o início ao nível dos resultados. Quando temos um alvo para acertar e ficamos longe do mesmo, em vez de a confiança e a audácia ser maior, vai-se reduzindo e a qualidade daquilo que se faz no dia a dia vai -se perdendo. Em termos práticos, há equipas que no início não seriam tão valiosas e hoje estão na parte de cima a disputar uma subida de divisão. O futebol é o momento, as pessoas têm de saber viver com esses momentos menos bons ao nível dos resultados. O que eu vejo é que o Marítimo é tão grande e será bem maior quando todos nós trabalharmos no mesmo sentido e para o mesmo fim. Seremos mais fortes assim".

"Jogo difícil contra uma equipa que quer subir de divisão"

Na próxima jornada, o Marítimo desloca-se até Penafiel, onde mora o atual quarto classificado da 2ª Liga, com 43 pontos, mais 13 do que os maritimistas. Ivo Vieira elogiou o seu adversário. "Vai ser um jogo difícil contra uma equipa que tem um objetivo muito claro por mérito daquilo que foi o seu campeonato, estando posicionado num lugar que lhes dá uma esperança e um objetivo grande naquilo que é uma possível subida de divisão. Mas nós temos de olhar para aquilo de que precisamos, para a nossa valia, para a nossa grandeza, e, acima de tudo, colocar em campo, não só falar em grandeza em termos de dimensão, mas aquilo que é o comportamento dos atletas, o meu comportamento como treinador também a representar esta instituição. Temos de lutar pelos três pontos, jogar para isso, porque o Marítimo tem a obrigação e a responsabilidade de jogar qualquer jogo para conseguir somar os três pontos", disse.

Para o líder maritimista, o campeonato é muito equilibrado e nivelado por cima: "Vamos tentar jogar com o facto de termos de conseguir amealhar os três pontos, que é bom para o crescimento e estabilidade da nossa equipa. Vocês fazem as vossas análises e não foi só Penafiel que conseguiu só duas vitórias, o Tondela também e , julgo que não estou enganado, as quatro primeiras equipas ganharam dois jogos no máximo, empataram dois ou três e perderam um ou dois jogos. A média de pontos feita por essas equipas não foi além de sete ou oito pontos, em cinco ou seis jornadas, o que era um momento bom no nosso caso se tivéssemos somado mais pontos, pois aproximava-nos dessas equipas. O equilíbrio no campeonato é notório, pois nota-se que essas equipas que estão na parte de cima da classificação têm dificuldade em ganhar a outras que estão aquém do seu objetivo e estão na parte mais baixa da classificação. Vamos acreditar na nossa valia e naquilo que os nossos jogadores são capazes de fazer e nós enquanto equipa técnica, para que o Marítimo possa somar mais três pontos".

Por último, revelou que a sua equipa tem algumas limitações, embora sem revelar nomes. "Tem dois jogadores condicionados por uma gripe e outro com um traumatismo na perna. Não me recordo ao certo qual foi o último onze, mas deverá andar dentro dos mesmos atletas, podendo haver uma ou duas alterações, olhando ao rendimento dos jogadores durante a semana, o que nos dizem que podem fazer pelo seu trabalho e tomo as minhas decisões perante isso. Se nós ganhássemos de uma forma consequente os jogos seria mais fácil manter uma base. Temos jogadores que lutam por uma oportunidade e face ao momento da equipa, não estando tão sustentada ao nível dos resultados, abre janelas e portas para outros jogadores se mostrarem e poderem jogar".

A equipa madeirense segue viagem amanhã  de manhã para o Porto, com o derradeiro treino a ser efetuado nos arredores da cidade invicta, uma vez que a partida frente ao Penafiel está agendada para sábado às 14 horas.