Ivan Cavaleiro, nome bem conhecido do futebol português, regressou a Portugal 11 anos depois, para representar o Tondela, e estreou-se finalmente a marcar na Liga Portuguesa... aos 31 anos. O regresso esteve perto de ser perfeito, tanto para o jogador como para o clube: saiu do banco para colocar os beirões em vantagem no período de compensação e a caminho da primeira vitória da época, mas o duelo frente ao Estoril terminou empatado (2-2).

Os primeiros passos foram dados no GD Vialonga, mas foi no Alverca, aos 13 anos — onde curiosamente partilhou plantel com Rafa Silva - que despertou o interesse do Benfica. No Seixal, cumpriu a maior parte da formação, com apenas uma curta passagem pelo Belenenses. Duas épocas e meia de destaque - uma nos juniores e uma época e meia na equipa B, sempre com faro de golo - abriram-lhe as portas da equipa principal.

A transição pela mão de Jesus

A temporada 2013/14 arrancou da melhor forma: titular indiscutível na equipa B, marcou sete golos nas primeiras dez jornadas. Estreou-se pela mão de Jorge Jesus, na Taça de Portugal, frente ao Cinfães. Jogou de seguida na Liga dos Campeões, contra o Olympiacos, e quatro dias mais tarde foi titular na I Liga, frente ao Nacional. Ainda assim, oscilou entre a equipa A e a B durante alguns meses, mas fixou-se na Luz na reta final da época.

Foi um fecho de temporada de sonho para um jovem de 20 anos: apesar da derrota na final da Liga Europa (onde jogou um minuto), conquistou Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga. Terminou a época com apenas um golo — na Taça da Liga — sem conseguir marcar no campeonato.

O ano de 2014 acabou por ser ainda mais marcante. Paulo Bento chamou-o à Seleção Nacional e Cavaleiro estreou-se de quinas ao peito com uma assistência na goleada por 5-1 frente aos Camarões. Jogou também contra a Albânia, no apuramento para o Euro 2016 — as suas duas únicas internacionalizações.

Seguiu-se um empréstimo ao Deportivo da Corunha (La Liga) e, em 2015/16, a transferência para o Mónaco por 15 milhões de euros. Pouco mais de um ano depois, rumou a Inglaterra. Nas Terras de Sua Majestade, vestiu as camisolas de Wolverhampton e Fulham e teve, por duas temporadas, a oportunidade de jogar na Premier League. Aos 25 anos já contava com passagens por três das cinco principais ligas europeias - prova do seu talento e potencial.

O regresso

O regresso a Portugal foi oficializado a 19 de agosto, apresentado como «reforço de peso para o ataque dos auriverdes». Num arranque difícil - três derrotas em três jogos -, o Tondela procurava experiência e capacidade de impacto imediato. E assim foi: o jogo frente ao Estoril marcou não só o regresso do clube ao Estádio João Cardoso, interdito na segunda jornada, mas também o reencontro de Ivan Cavaleiro com o futebol português.

@Catarina Morais Kapta+

Depois de 294 minutos, distribuídos por oito jogos ao serviço do Benfica na I Liga, bastaram-lhe apenas 32 minutos com a camisola do Tondela para alcançar o que ainda não tinha conseguido: balançar as redes adversárias no campeonato nacional.

A verdade é que nunca é tarde para se estrear a marcar na Primeira Liga. Agora, depois de uma estreia quase perfeita - apenas manchada pelo golo de Guitane dois minutos depois - fica a dúvida: quantos mais golos assinará o novo camisola 17 dos beirões?