Isto só alimenta o enredo...

A batalha pela manutenção começa a ganhar contornos cada vez mais interessantes na Liga Portugal Betclic... Isto porque numa importante deslocação à Reboleira, para defrontar o que nesta fase da temporada é um rival direto, o Farense conseguiu vencer pela primeira vez em 2025 e alimentar as suas chances de continuar no escalão de topo.

O Estrela da Amadora mostrou durante longos períodos ter as melhores individualidades, mas o coletivo deixou a desejar e a grande penalidade desperdiçada por Rodrigo Pinho custou muito caro. Mérito para Kaique, guarda-redes estreante que conseguiu resolver esse lance e muitos outros para levar a formação visitante à vitória.

A formação da casa continua na primeira posição de segurança e a visitante mantém-se na zona vermelha, ainda separadas por um lugar de playoff atualmente ocupado pelo AVS. Ainda assim, as distâncias são agora bem mais curtas (cinco pontos entre as duas equipas) e o fim de temporada trará mais confrontos deste tipo...

O problema nunca foi a qualidade

Quando a seis jornadas do fim se defrontam duas equipas que rivalizam na batalha pela manutenção, é difícil exigir que esse duelo seja, por qualquer interpretação da palavra, bonito.

Pode ser entusiasmante - era de facto um dos grandes choques desta ronda -, quiçá até bem disputado, mas a expectativa é de um confronto físico e carregado de duelos, porque é muitas vezes essa crença e superação que ajuda a ultrapassar limitações táticas. Não foi o caso, este domingo. Desta vez o entusiasmo verificou-se, mas apoiou-se mesmo em momentos de brilhantismo e qualidade técnica mais associada a maiores altitudes na tabela.

Durante a primeira parte perdemo-nos na contagem das belas tabelas e dos toques de calcanhar. E se tivéssemos um euro por cada pontapé de bicicleta armado, teríamos três euros! Não é muito, e certamente não foi suficiente para comprar um golo a ninguém, mas não deixa de ser estranho que tenha acontecido por três vezes em 45 minutos...

Esse brilho artístico surgiu mais nos pés dos jogadores do Estrela. O Farense foi mais direto, mas também foi quem foi conseguindo somar as melhores ocasiões e pareceu estar mais perto do golo, com Rony Lopes e Cláudio Falcão nas maiores ameaças, mas a maior ocasião acabou por pertencer aos visitantes...

Com uma mão de Kaique

Corria o 38º minuto quando Ângelo Neto cortou um remate com o braço, gerando uma grande penalidade que, com melhor execução, poderia ter confirmado o favoritismo caseiro. Desperdício! Rodrigo Pinho escolheu mal o lado e Kaique, em estreia na Liga devido à lesão de Ricardo Velho, mergulhou para uma importantíssima defesa.

Esse fecho de primeira parte terá dado força à formação de Tozé Marreco, que emergiu no segundo tempo com energias renovadas. Ciente da necessidade de vencer, a formação algarvia entrou com tudo e ao segundo minuto do segundo tempo colocou, por fim, a bola dentro da baliza. Excelente trabalho de Rui Costa, depois de uma transição liderada por Poloni!

A desvantagem não fez bem ao Estrela, que perdeu o tal flair que chegou a dar beleza ao jogo. Do outro lado, os comandados de Tozé Marreco tinham ainda menos interesse em qualquer componente estética, pelo que a partida mudou. Só a entrada de Alan Ruiz aos 73 minutos reanimou a casa, incluindo as bancadas, mas as oportunidades criadas a partir desse momento só serviram para alimentar o conto da brilhante tarde de Kaique. Exibição monstruosa!

O fim do jogo ainda ficou mais quentinho, com pedidos de grande penalidade que geraram até a expulsão de José Faria no banco caseiro. O Farense teve a cabeça mais fria e ainda geriu bem a posse nestes instantes finais, apoiado na experiência de Tomané e Marco Matias, mas o Estrela ainda teve uma última chance, aos 90+6, quando Leonel Bucca atirou à trave. Que tarde!