
Não longa, mas intensa. A passagem de Cristiano Bacci pelo Bessa reintroduziu o técnico ao futebol português. Num mar de dificuldades, os lamentos foram raros para o italiano, muitas vezes elogiado por companheiros de profissão.
No início de fevereiro, a separação aconteceu. O italiano, porém, não demorou a voltar a encontrar um novo desafio.
Este domingo, palco para o reencontro em Moreira de Cónegos. No lançamento da partida, o zerozero montou o filme do que foi a passagem de Bacci pelo Boavista.
A corajosa chegada
Dia 14 de junho. O zerozero adianta que Cristiano Bacci vai ser o próximo treinador do Boavista. Cinco dias depois, a confirmação. O técnico italiano posa junto a Fary Faye, tendo o mítico Bessa como fundo. Um sorriso rasgado no rosto de cada um, é assim que os dois se apresentam. Sorriso esse que foi testado - e desgastado - ao longo das 21 jornadas em que o timoneiro de 49 anos orientou as panteras.
Um velho conhecido do futebol português - passagem pelo SC Olhanense - e antigo adjunto de Razvan Lucescu, é assim que Bacci é apresentado aos adeptos do clube nortenho.
Apologista de um futebol prático, objetivo e organizado, o italiano não poupou nas palavras e na hora da apresentação, de forma confiante, exclamou: «Este é o clube certo para voltar a ser treinador principal!»
As dificuldades e um plantel reduzido
As palavras otimistas rapidamente se viram confrontadas com uma realidade implacável. O Boavista, limitado por sanções financeiras, não podia inscrever reforços - situação que prevalecia desde a janela de transferências de verão da temporada 2022/23.
Pior: viu jogadores importantes saírem - Pedro Malheiro e Bruno Lourenço à cabeça, forçando Bacci a recorrer à formação. Miúdos talentosos, alguns, mas sem a experiência necessária para lidar com um campeonato primodivisionário.
Ainda assim, a equipa batalhou. Houve momentos de bravura, jogos em que as panteras mostraram fibra, mas também houve muitas frustrações. No final de contas, os resultados falaram mais alto. Os axadrezados entraram numa espiral descendente e a pressão aumentou.
Na hora de comunicar com a imprensa, Bacci sempre manteve um discurso combativo: «Sabíamos que ia ser difícil, mas a única solução é lutar.» Lutaram, mas nem sempre foi suficiente.
O adeus antes do reforço esperado
Dia 8 de fevereiro. O Boavista anunciou a saída de Cristiano Bacci. A decisão apanhou muitos de surpresa, não tanto pelo rendimento da equipa – longe do ideal, com 13 derrotas, seis empates e duas vitórias em 21 jogos –, mas pelo timing.

Quatro dias depois, a 12 de fevereiro, o clube ficou finalmente autorizado a inscrever jogadores sem contrato, algo que Bacci certamente desejara ao longo dos meses em que orientou a turma do Bessa. Van Ginkel, Kurzawa, Sidoine, Diaby, entre outros, chegaram ao clube, mas Bacci já não estava lá para os receber.
A escolha da direção estava feita. Agradecimento na nota oficial, palavras formais de despedida, e um novo ciclo iniciou-se sem o italiano no comando. É a vez de Lito Vidigal tentar fazer um milagre.
O reencontro que o destino guardou
Mas o futebol, com a sua dose de ironia, preparou um capítulo extra para esta história. Pouco depois de sair do Bessa, Cristiano Bacci encontrou um novo desafio no Moreirense - que despediu César Peixoto.
E como se o guião estivesse escrito para um desfecho inevitável, o calendário da Liga colocou frente a frente, num momento decisivo, o Moreirense de Bacci contra o Boavista que o italiano deixou para trás.
Este fim de semana, as panteras jogam mais do que três pontos. Em posição delicada na tabela, uma derrota pode significar o adeus - não definitivo - à luta pela manutenção. Do outro lado está um treinador que conhece bem as dificuldades vividas dentro daquele balneário.
Reencontro marcado. Destino traçado. O que acontece a seguir, só os 90 minutos poderão dizer. Cá estaremos.