O FC Porto finalizou o projeto de auditoria forense encetado com a consultora Deloitte - uma promessa eleitoral do presidente André Villas-Boas. Os resultados, focados em três áreas diferentes, revelam milhões de euros gastos de forma irregular com bilhetes, transferências de jogadores e despesas de representação

"A conclusão desta auditoria marca o início de uma nova era para o FC Porto. Este é um compromisso cumprido com os nossos sócios e adeptos, que merecem um clube transparente e exemplar na sua gestão. As evidências encontradas não só revelam desafios do passado, mas também permitem virar a página e construir um futuro mais sustentável e ético", afirmou o dirigente, em declarações aos meios dos 'azuis e brancos'.

A auditoria analisou um período de 10 épocas, de 2014/15 a 2023/24, com foco em três áreas de gestão - bilhética, transferências de jogadores e despesas de representação -, "revelando práticas que impactaram negativamente a saúde financeira e a reputação do clube.

"Estamos a implementar mudanças estruturais para garantir que estas práticas não se repetem e que o FC Porto continue a honrar a sua história. É o momento de olhar para o futuro com confiança e determinação", frisou Villas-Boas, num dia em que os associados tiveram acesso prioritário ao documento através do portal da transparência dos 'dragões'.

Comissões em excesso

No que diz respeito às transferências de jogadores, a auditoria forense analisou 879 movimentos de transferências e concluiu que houve um excesso de comissões, com “impacto financeiro negativo estimado de 50 milhões, resultante de comissões acordadas acima dos referenciais FIFA”.

Houve “47% de comissões em excesso, contratando 155,8M€ face a um máximo de 105,9M€ caso fossem respeitados os limites FIFA e/ou os standards de mercado”.

Bilhetes e viagens pessoais: Super Dragões dão prejuízo

A auditoria "revelou irregularidades relativas aos processos de venda de bilhetes à Associação dos Super Dragões e às Casas FC Porto, resultando numa perda total estimada de 5,1M€ ao longo das cinco épocas desportivas analisadas.”

Destes 5,1 milhões ao longo das últimas cinco épocas, dois milhões são "relativos a bilhetes vendidos aos Super Dragões e que não foram restituídos”.

Foram descobertas outras irregularidades que envolvem a principal claque do clube, como o pagamento de viagens pessoais a membros e familiares da direção dos Super Dragões", para destinos como “Cuba, Cancun, Maldivas, Brasil, Tanzânia, Ibiza ou Sardenha”.

No total, foram 1,45 milhões de euros em “despesas indevidas (faturas não elegíveis à luz dos Protocolos)”.

Joias, viagens e jantares: ex-administradores gastam 3.6M de forma irregular

Além da bilhética e das transferências de jogadores, a outra área de gestão analisada - despesas de representação - apresentou também resultados negativos e compras “para fins estritamente pessoais”.

Os antigos administradores do FC Porto gastaram 3,6 milhões de euros, entre 2014/15 e 2023/24, em despesas de representação “que não são elegíveis em consonância com o regulamento interno, evidenciando um encargo significativo de custos adicionais”.

Idas a joalharias e relojarias, viagens privadas para destinos não relacionados com o clube, refeições “profissionais” sem justificação e uso de vários veículos do trabalho para uso familiar são alguns dos exemplos.

Com LUSA