Duas jornadas volvidas e ainda com a memória fresca da época passada, a pergunta impõe-se: será que o AFS vai conseguir uma manutenção tranquila ou terá de lutar até à última pela sobrevivência?

José Mota, técnico de 61 anos, foi o homem escolhido para, em 2024/25, evitar a descida de divisão. No final da época anterior, e apesar da tarefa complicada que teve pela frente, conseguiu, no playoff, contra um FC Vizela bem organizado, garantir mais uma temporada no escalão máximo ao clube de Vila das Aves.

O arranque de 2025/26, porém, está longe de ser animador. Depois de uma derrota na estreia frente ao Arouca, o AFS defrontou um Casa Pia mais entrosado e com identidade definida (mesmo depois do mau arranque de campeonato frente ao Sporting). Com apenas uma alteração no onze – Molina no lugar de Edson Mucuana – a equipa avense voltou a evidenciar dificuldades no seu jogo.

Os gansos entraram melhor, mas os da casa reagiram pouco depois, beneficiando de uma grande penalidade. Rafael Barbosa, que na antevisão havia admitido ter havido falta de agressividade na primeira jornada, desperdiçou da marca dos onze metros e rubricou uma exibição muito aquém do esperado.

Um deserto de ideias

Tal como já foi sendo referido, as ideias de José Mota raramente se concretizaram, isto numa jogo que teve nada mais nada menos do que 40 (!) faltas (20 para cada lado). Após o penálti falhado, só aos 84 minutos é que o AFS voltou a criar perigo, com Diego Duarte a obrigar Patrick Sequeira a intervir. Já perto do apito final, Nenê, que entrou no decorrer da segunda parte, tentou surpreender o guardião costa-riquenho, mas voltou a esbarrar numa defesa segura. Ou seja, falamos de três remates enquadrados ao longo de todo o encontro (houve outro, sem perigo, na primeira parte). Curto.

@Rogério Ferreira / Kapta+

Apesar do equilíbrio na posse de bola (47 por cento do AFS contra 53 por cento do Casa Pia), a equipa não conseguiu aproveitar o tempo com o esférico nem explorar as bolas paradas a seu favor. O meio-campo falhou na ligação entre setores, o jogo foi excessivamente direto, com passes longos e um ritmo lento — apenas 44 minutos de tempo útil.

Nos instantes finais, as entradas de Diego Duarte e de Guilherme Neiva trouxeram algum dinamismo, mas demasiado tarde para mudar o rumo dos acontecimentos.

O panorama não se adivinha mais fácil para a equipa de José Mota. Nas próximas quatro jornadas, o AFS mede forças com SC Braga e SL Benfica — duas das equipas mais fortes do campeonato — e ainda com FC Famalicão e Estoril Praia, formações com projetos mais consolidados. Um teste de fogo que poderá agravar a pressão sobre o grupo e deixar a margem de erro reduzida logo nas primeiras semanas da temporada.

Com duas derrotas em dois jogos, o AFS começa a Liga Portugal Betclic exatamente como na época anterior: a tentar encontrar-se antes que seja tarde demais.

*com Tiago João Lopes